Donald Trump estava certo ao dizer que a Boeing deveria renomear o 737 MAX?

Segundo o presidente executivo da gigante de arrendamentos de aeronaves Air Lease, Steven Udvar-Hazy, a resposta é sim. Ele acredita que a Boeing deve retirar a palavra “MAX” do nome de sua mais recente família 737, após dois acidentes fatais e o subsequente aterramento.

“Pedimos à Boeing que se livre da palavra MAX”, disse Udvar-Hazy durante a conferência Airline Economics Growth Frontiers, em Dublin, nesta segunda-feira, 20. “Não há razão para que a Boeing não possa chamá-lo de 737-8, 737-9, 737-7, por exemplo.”

Ele acrescenta: “A marca MAX está danificada e não há referência a ela em nenhuma documentação que a Boeing enviou aos reguladores, é apenas o 737”.

Uma crise sem precedentes

Udvar-Hazy diz que a crise do MAX é “sem precedentes nos seus 50 anos na aviação”. Ele observa que ainda não está claro quando o modelo será novamente aprovado pelos reguladores para retornar ao serviço, embora ele esteja esperançoso de que isso possa ocorrer nos próximos 90 dias, “parece toda semana que há novos desdobramentos que tornam o retorno ao serviço incerto”.

Uma vez que o MAX retorne aos céus, os passageiros podem hesitar em voar na aeronave, sugere Udvar-Hazy – um fator que pode variar de mercado para mercado. Renomear a aeronave pode ajudar a superar alguns desses medos, ele argumenta.

MAX

Donald Trump já falou sobre isso

Usando sua conta no Twitter, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, levantou essa questão no dia 15 de abril de 2019, menos de um mês após o groundeamento do MAX. Dizia ele:

“O que eu conheço sobre ‘branding’, talvez nada (mas eu me tornei Presidente!), mas se eu fosse a Boeing, eu consertaria o Boeing 737 MAX, adicionaria alguns grandes recursos, e mudaria o nome da aeronave para um novo. Nenhum produto sofreu como esse. Mas, de novo, que diabos eu sei?”

Frenesi de entregas quando o MAX for liberado

A Boeing provavelmente entregará entre 50 e 60 jatos MAX por mês, uma vez que for liberado, entre aeronaves recém-fabricadas e estocadas. Esse número, na opinião de Udvar-Hazy, é baixo o suficiente para evitar inundar o mercado com novas aeronaves.

A Air Lease possui 42 aeronaves MAX, 15 das quais foram entregues antes do aterramento. As 27 aeronaves restantes foram construídas para seus clientes, mas não foram entregues. No total, isso representa mais de US$ 2 bilhões em aeronaves que não podem voar. Outros 15 jatos estão programados para serem construídos e entregues aos clientes da Air Lease neste ano.

Udvar-Hazy acrescenta que, embora as taxas de arrendamento (leasing) do MAX tenham sido prejudicadas, os valores provavelmente voltarão ao normal por volta de 2021.

“Quando assinamos nossas taxas de leasing antes dos acidentes, elas estavam gorando geralmente 10% a 15% mais altos do que as aeronaves que estavam substituindo, como o Airbus A320 e 737NGs”, explica ele. “Não há dúvida de que haverá uma queda temporária nos valores da taxa de arrendamento”, acrescenta. Como a Airbus não tem capacidade para fornecer todos os aviões que o mercado exige, as taxas devem subir no longo prazo.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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