Início Variedades

Estes são o dono e os planos para o Boeing 747 do inusitado encontro na rodovia

Receba as notícias em seu celular, clique para acessar o canal AEROIN no Telegram e nosso perfil no Instagram.

Se você ainda se lembra, cerca de dois meses atrás apresentamos aqui no AEROIN a história de um motorista que se deparou com a enorme fuselagem de um Boeing 747 bloqueando uma rodovia no meio de um deserto nos Estados Unidos.

A enorme fuselagem do popular Jumbo Jet estava sobre o asfalto nas proximidades do Marana Pinal Airpark, um famoso destino de estocagem de jatos temporariamente fora de operação, ou que encerraram sua vida de serviços aéreos e serão transformados em sucata.

Na ocasião do fato na rodovia, em junho, encontramos informações antigas, datadas de 2017, que davam conta de que a aeronave teria sido comprada para ser transformada em um restaurante na cidade de Tucson, próxima ao Pinal Airpark, e este seria o motivo da movimentação do Jumbo pela rodovia.

Algum tempo depois, no entanto, detalhes atualizados foram levantados pelo repórter Henry Brean, do Arizona Daily Star, que conversou diretamente com o responsável pelo novo futuro do Boeing 747-300, que não envolve um restaurante, ao menos não no início.

Confira a seguir tudo que o Arizona Daily Star descobriu sobre o dono e os planos deste Jumbo, e que o portal gentilmente nos autorizou a apresentar a você leitor do AEROIN.

Uma loja em um antigo avião

Toshikazu Tsukii dentro do Jumbo – Imagem: Rebecca Sasnett / Arizona Daily Star

O inventor Toshikazu Tsukii sabe como será difícil fazer sua próxima grande ideia decolar. Se por um lado as asas não estão mais presas, por outro elas não mais serão necessárias.

Em algum momento do próximo ano, o engenheiro aposentado da Raytheon espera abrir uma loja exclusiva com o tema da aviação dentro da fuselagem do 747 Jumbo Jet estacionado perto da rodovia Interstate 10, cerca de 30 milhas a noroeste de Tucson.

O avião vai virar um showroom e apresentará modelos e designs para as criações patenteadas da Tsukii, que incluem móveis, portões de garagem, escadas e prédios inteiros – todos feitos de aeronaves antigas e suas peças.

“Gosto de coisas grandes”, disse o homem de 83 anos. “Minha esposa acha que sou mais do que louco.”

Apesar das evidências em contrário, Tsukii insiste que está começando aos poucos com sua loja. Embora seu 747 contenha cerca de 4.100 pés quadrados (381 metros quadrado) de espaço potencial de varejo, ele usará apenas uma fração dele no início para exibir e vender suas invenções.

O restante do avião será arrumado para a alegria dos visitantes, com espaço para reuniões e eventos especiais, até mesmo casamentos.

Tsukii também planeja restaurar a cabine do piloto à sua aparência, para que as pessoas possam se vestir como pilotos e posar para fotos. Ele disse que seu cliente típico será “alguém louco, como eu, que se interessa pela história da aviação”.

Imagem: Rebecca Sasnett / Arizona Daily Star

Sem descanso, 26 patentes para este aposentado

Tsukii nasceu no Japão em 1937 e serviu como cadete da aeronáutica na Academia de Defesa Nacional do Japão, antes de se mudar para os Estados Unidos para estudar engenharia aeronáutica, engenharia elétrica e matemática aplicada no Pasadena City College, na Wichita State University e na University of Colorado.

Ele trabalhou para a Raytheon por mais de 40 anos, os últimos 15 em Tucson, onde atuou como o principal engenheiro da empresa de mísseis, e se aposentou há quatro anos, aparentemente porque seu trabalho na empresa estava atrapalhando seu trabalho paralelo. Tsukii registrou 26 patentes em seu próprio nome desde então.

Ele disse que se alguém quiser uma de suas criações, ele pode personalizá-la por meio de sua empresa, a AERO Conversion Solutions. Se alguém quiser começar um negócio com base em um de seus designs, ele disse que pode vender uma licença para a patente.

Primeiro, porém, ele precisa que os planos para seu 747 reaproveitado sejam aprovados pelo condado de Pinal. “Já está pronto, mas precisa de uma licença de construção”, disse Tsukii, cujo sobrenome soa como “Ski”, então é assim que a maioria das pessoas o chamam.

Ele acha que o momento de sua aventura é perfeito, porque este ano marca o 50º aniversário do primeiro voo comercial de um Boeing 747, que ocorreu em janeiro de 1970.

De Bruxelas para o cemitério

Tsukii desenvolveu uma afeição pelos 747s quando trabalhou no programa de Mísseis Patriot da Raytheon no Japão na década de 1990. O trabalho exigia que ele fizesse dezenas de voos comerciais de ida e volta pelo Pacífico no famoso Jumbo Jet.

Quando procurou comprar um para si, disse que demorou cerca de quatro anos para encontrar um no estado, faixa de preço e localização que procurava.

Em sua função anterior, a futura loja da Tsukii transportava cerca de 400 passageiros por voo para a companhia aérea Sabena, da Bélgica, até ela falir em 2001. Anúncios da falida empresa com sede em Bruxelas ainda estão pendurados na cabine da aeronave.

De acordo com registros, a Sabena operou o 747-300 da Tsukii de 1986 a 2000, quando a aeronave acabou nas mãos de uma empresa de investimentos americana. Ele fez seu voo final há cerca de 17 anos, quando pousou pela última vez no Pinal Airpark para ser armazenado e, por fim, desmontado em busca de peças e matérias-primas para outros aviões.

Tsukii se recusou a dizer exatamente quanto pagou pelo avião, mas a transação envolveu “várias centenas de milhares de dólares”, disse ele. Um novo 747-300 teria custado cerca de US$ 83 milhões em 1982, o equivalente a cerca de US$ 227 milhões hoje.

Abram caminho para uma carga extremamente grande

Imagem: Rebecca Sasnett / Arizona Daily Star

O velho avião comercial de Tsukii – sem asas e cauda – agora está em um terreno na Pinal Airpark Road, uma milha e meia a oeste da interestadual. Mas rebocá-lo não foi uma tarefa fácil. A mudança ocorreu aos poucos, nos últimos dois fins de semana de junho.

O avião de 181 toneladas havia afundado na terra depois de mais de 15 anos em armazenamento, então a primeira coisa que eles tiveram que fazer foi levantá-lo e colocar cascalho sob as rodas para que pudessem movê-lo.

Tsukii disse que passou horas planejando a rota para evitar o máximo de obstáculos possível, mas eles ainda precisaram levantar dois conjuntos de cabos de energia para que a aeronave pudesse ser rebocada por baixo deles. Outro conjunto de linhas de energia foi desligado e jogado no chão para o Jumbo passar sobre os fios.

A equipe de mudança também teve que aparar algumas árvores e remover temporariamente quatro cercas e em torno de uma dúzia de sinais de trânsito ao longo do caminho de 2 milhas e meia (4,8 km).

O momento mais difícil foi quando a aeronave de 70,7 metros de comprimento foi rebocada entre dois prédios de um andar, tão próximos um do outro que os estabilizadores horizontais passaram diretamente acima de seus telhados. Dali, o 747 ainda passou por um estacionamento, a poucos metros da porta da frente do bar e churrascaria Pinal Airpark.

A tartaruga e o Jumbo

Tsukii disse que eles começaram a jornada na tarde de 19 de junho, mas só fizeram cerca de um terço do caminho antes de terem que parar para dormir. Ele liderou a procissão em sua velha picape Dodge, dirigindo a rota de ré para poder observar o progresso do avião.

Ele se moveu devagar o suficiente a ponto de alguém poder andar ao lado dele sem ficar para trás. A certa altura, como uma piada, alguém colocou sua tartaruga de estimação na estrada à frente do trator de reboque para ver se o 747 poderia acompanhar o réptil.

A viagem atingiu um obstáculo no final do dia 20 de junho, quando a equipe descobriu que a estrada de entrada da propriedade de Tsukii não era larga o suficiente para a curva de 90 graus que o jumbo precisava fazer para sair da Pinal Airpark Road.

Eles tiveram que deixar o 747 na lateral da estrada para que pudessem alargar o caminho de entrada, e terminar a mudança uma semana depois.

Desde então, Tsukii e sua pequena equipe de funcionários estão limpando e organizando as coisas dentro da aeronave. O 747 tem 14 banheiros e 195 janelas, então Tsukii brincou que está sempre procurando voluntários para ajudar.

Será necessário muito esforço e experiência para preparar o avião para voltar a receber as pessoas a bordo pela primeira vez após quase duas décadas. Também exigirá alguns acréscimos, incluindo um elevador para que os visitantes possam acessar a loja de Tsukii sem ter que subir as escadas.

Uma vida de experimentar coisas novas

Tsukii não está voando por instinto em seu empreendimento. Além de seu trabalho como engenheiro, ele é piloto licenciado e instrutor de voo, e ainda sobe em um de seus dois Cessnas algumas vezes por mês.

E ele sabe como reaproveitar aviões antigos. A casa de hóspedes em sua casa no La Cholla Airpark de Oro Valley é feita com a seção frontal de um Boeing 737, as fuselagens de dois 707 e a cauda de um 727. Sua piscina próxima está instalada dentro da fuselagem de outro Boeing 747. “Não consigo pensar na minha vida sem os aviões envolvidos”, disse ele.

Tsukii até mesmo projetou – e patenteou – seu próprio caixão com tema de aviação, que conta com uma hélice, asas e uma cauda, que se dobram para facilitar o enterro depois que o passageiro chega ao destino final.

Embora seu tempo na Raytheon certamente tenha sido gratificante, Tsukii disse que às vezes se arrepende de esperar tanto tempo para se lançar sozinho em busca de “mais diversão, mais desafios e mais riscos”.

Mesmo assim, ele se orgulha de suas cinco diferentes profissões: engenheiro, aviador, inventor, arquiteto e artista. “A melhor maneira de descrever minha vida é seguir em frente, experimentando coisas novas”, disse ele. “Provavelmente irei inventar uma sexta coisa quando tiver 90 anos. Talvez músico.”

Eventualmente, Tsukii espera garantir outro terreno ao lado da rodovia I-10, de modo que os motoristas que passarem vejam seu 747 e parem para dar uma olhada.

Com tráfego suficiente, disse, ele pode até abrir um pequeno restaurante de sushi dentro do avião algum dia. Ou um hotel exclusivo com vista pelas janelas por US$ 747 a noite, disse ele rindo.

Por enquanto, Tsukii planeja abrir negócios onde seu Jumbo agora está situado ao longo da Pinal Airpark Road. Ele disse que possui quase 4 acres no local, espaço suficiente para mais dois 747.

Se você quiser dar uma olhada em mais imagens de Tsukii com seus inventos aeronáuticos, basta acessar o Arizona Daily Star clicando aqui.

Nossos sinceros agradecimentos do AEROIN ao Henry e ao Arizona Daily Star! Muito obrigado, pessoal!

Receba as notícias em seu celular, clique para acessar o canal AEROIN no Telegram e nosso perfil no Instagram.

Sair da versão mobile