Dos 154 Boeings 747 registrados em voo, apenas 4 eram de passageiros

Avião Boeing 747-400 Qantas
Imagem: Brian from Toronto, Canada / CC BY-SA (https://creativecommons.org/licenses/by-sa/2.0)

Uma publicação recente do Flightradar24 chamou a atenção para um triste fato relacionado a uma das aeronaves mais queridas pelos amantes da aviação e viajantes em todo o mundo, mas que também reflete a grave crise pela qual passa a aviação civil: quantidade irrisória de Boeings 747 voando com passageiros atualmente.

O jornal neozelandês NZHerald destacou em reportagem a postagem do Flightradar24 que mostrava que, às 12h no dia 12 de outubro dos 154 B747 em voo, apenas quatro transportavam passageiros. Os demais eram todos de carga (incluindo aeronaves de passageiros adaptadas para levar pacotes ao invés de pessoas).

Note que a captura de tela foi realizada num horário específico do dia e as quantidade de aviões do modelo 747 podem varias ao longo de 24 horas. O importante aqui é entender que a proporção de jumbos de passageiros voando hoje em dia é ínfima e a tendência é ver cada vez menos deles nos céus.

A troca de quadrijatos de passageiros por aeronaves bimotoras mais modernas já era uma tendência, acelerada em muito pela pandemia. As companhias aéreas, prevendo que a demanda não se recupere tão cedo, resolveram antecipar anos de planejamento e retirar as aeronaves menos eficientes e mais custosas, em detrimento das mais novas e econômicas.

A pandemia do novo coronavírus causou uma das maiores crises da história da aviação mundial. Em agosto, a procura por viagens aéreas caiu 75,3% na comparação com mesmo mês de 2019, segundo dados mais recentes da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA). Muitas companhias têm recorrido à movimentação de carga como tábua de salvação de, ao menos, parte das receitas.

Segundo reportagem do jornal de finanças norte-americano Wall Street Journal, das 30 maiores companhias aéreas do mundo, apenas quatro devem ter lucro em 2020, todas elas sustentadas pelo transporte de carga. São elas, Korean Air Lines, Asiana Airlines, China Airlines e EVA Airways, todas asiáticas que investiram na movimentação de mercadorias eletrônicas. Outra empresa com uma condição melhor, mas com fechamento do ano ainda incerto é a Ethiopian Airlines, que teve lucro no segundo trimestre, a fase mais aguda da Covid.

Em 2020, mais de 40 companhias aéreas já encerraram as operações e muitas outras reduziram oferta e demitiram pessoal ou pretendem fazer nos próximos meses.

Fabio Farias
Fabio Farias
Jornalista e curioso por natureza. Passou um terço da vida entre aeroportos e aviões. Segue a aviação e é seguido por ela.

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