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Você sabia que a Yaborã está produzindo os Embraer E-Jets?

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Avião Embraer E190-E2
E-Jet E190-E2 – Imagem: Alan Edwards [CC]

Alguns ou vários de vocês que estão lendo este texto talvez tenham tomado conhecimento, ou ao menos ouvido falar, sobre a Yaborã nos primeiros meses deste ano. A maioria, no entanto, certamente nunca ouviu este nome, e nem desconfia que é algo muito mais próximo do que poderia imaginar.

Se você acompanha frequentemente as notícias da aviação comercial brasileira, saiba que está em contato com assuntos da Yaborã diariamente. Isso porque ela se tornou, há alguns meses, a fabricante dos E-Jets, os famosos jatos de passageiros das gerações E1 e E2 da Embraer.

E não só dos E-Jets. A Yaborã agora é a fabricante de todos os aviões comerciais da história da Embraer, desde os EMB-110 Bandeirante, passando pelos EMB-120 Brasília, até os ERJ-135 e ERJ-145.

Por que Yaborã

Sim, é estranho, mas não se assuste. Yaborã Indústria Aeronáutica S.A. é o novo nome da empresa que foi criada pela Embraer para separar sua divisão de aviões comerciais dos demais segmentos de aviões executivos, agrícolas e militares, além de outros ramos de atuação da tradicional fabricante brasileira.

Então, na prática, nada mudou. Ao menos não para a nova divisão comercial Yaborã, já que na executiva da Embraer houve grandes mudanças logísticas. Porém, na comercial, a linha de produção continuou a mesma, em São José dos Campos/SP, com tudo funcionando como sempre funcionou (exceto pela redução de todos os trabalhos por conta da pandemia).

Ou melhor. Na verdade, houve sim uma mudança prática. Não na produção, mas sim para o mundo regulatório da aviação: nos sites das agências reguladoras, não é mais possível encontrar os aviões comerciais listados na fabricante Embraer.

Por exemplo, a relação de aviões da Embraer na página de consulta de Diretivas de Aeronavegabilidade da ANAC (clique neste link para ver a página) só tem agora os modelo não comerciais, de pequeno porte. O mesmo vale para as Diretivas norte-americanas da FAA, mas neste caso, os jatos da família E-Jets E1 ainda estão na Embraer, enquanto os novos E2 não.

Já quando buscamos pela fabricante Yaborã, lá estão todos os E-Jets listados. Veja na imagem a seguir a tela de consulta da ANAC mostrando os E-Jets E1 (modelos 190-100 e 190-200) e os E2 (modelos 190-300, 190-400 e 190-500).

Tela ANAC Yaborã Indústria Aeronáutica E-Jets
Tela da ANAC mostrando alguns dos modelos da fabricante Yaborã – Imagem: ANAC

Tendo esclarecido o porquê dos E-Jets agora serem Yaborã em termos regulatórios, chegamos a outra questão: Embraer, de onde veio esse nome???

Yaborã-di

A fabricante brasileira já é bastante conhecida por sua criatividade (há controvérsias) na escolha de nomes de aeronaves executivas. Legacy, Phenom, Praetor.

Embraer Praetor 500 Air to air
Praetor 500, jato executivo fabricado pela Embraer

Agora, porém, ao buscar informações sobre esse diferente nome Yaborã, parece que o foco foi se voltar a algo mais nacional.

A referência que encontramos na literatura ao fazer uma busca pelo termo em questão foi a designação indígena Yaborã-di para uma planta conhecida em português como Jaborandi.

Uma espécie vegetal disponível somente no Brasil, da qual é retirada, segundo o Portal Educação, a substância medicinal Pilocarpina, usada na formulação de gotas oculares para o tratamento do glaucoma e também em exames clínicos. O termo indígena significa “planta que faz babar”, usada sempre que se queira aumentar a produção de suor (como em gripes, edemas ou hidropisia).

Então, essa deve ser a origem do nome da nova empresa, a menos que haja algum outro significado que serviu de inspiração para a Embraer escolher Yaborã.

Não sabemos por quanto tempo irá durar a Yaborã Indústria Aeronáutica S.A. Ela seria o caminho para a consolidação da Boeing Brasil Commercial, mas, como bem sabemos, todos os planos se desfizeram quando o acordo chegou ao fim após os desdobramentos da pandemia.

Agora que a Embraer está voltada à reintegração de sua divisão comercial, possivelmente a nova empresa deixará de existir quando o processo for concluído. Até lá, ao ver um avião comercial de fabricação brasileira por aí, lembre-se que você está vendo, ao menos temporariamente, um Yaborã E195-E2, um Yaborã E-120 Brasília, um Yaborã E175 e assim por diante.

Estranho e curioso.

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