E-mails internos da Boeing revelam: 777X também sofre da metodologia do 737 MAX

O novo carro-chefe da Boeing, o 777X, também passa por apuros quanto à infeliz metodologia empregada no projeto do 737 MAX da gigante aeroespacial dos EUA, de acordo com e-mails internos.

Avião Boeing 777X 777-9 Folding Wingtip
Ponta de asa dobrável do novo Boeing 777X

Segundo o Telegraph, mensagens condenatórias divulgadas como parte de uma investigação do Senado dos EUA sobre os dois acidentes fatais do 737 MAX, trocadas por funcionários da Boeing sobre o 777X – uma versão modificada do bem-sucedido 777 existente – revelam que o projeto do maior bimotor do mundo pode estar vulnerável a problemas técnicos.

Em um e-mail de junho de 2018, antes do primeiro acidente do MAX, um funcionário da Boeing escreveu sobre troca de fornecedores e de cronograma do novo jato: “A melhor parte é que estamos reiniciando tudo isso com o 777X com o mesmo fornecedor e assinando um cronograma ainda mais agressivo”.

Em resposta, outro membro da equipe alerta sobre um foco incansável nos custos, dizendo: “Nós nos colocamos nessa posição escolhendo o fornecedor de menor custo e assinando intervalos impossíveis. Por que o ranking mais baixo e o fornecedor menos comprovado ganharam o contrato? Apenas com base no preço menor. Não apenas o MAX, mas também o 777X! O gerenciamento de fornecedores conduz todas essas decisões.”

Investigação

Avião Boeing 777X
Boeing 777X, na maior versão 777-9

O pacote de e-mails liberados como parte da investigação do MAX expôs os temores dos funcionários da Boeing sobre segurança, prazos apertados e a cultura da administração, descrevendo o 737 MAX como um “avião projetado por palhaços, que por sua vez é supervisionado por macacos“.

O 777X também é uma atualização, porém de uma aeronave que entrou em serviço em 1995. O programa está atrasado e o primeiro voo ainda está para ocorrer, apesar de ter sido programado para 2019.

Em setembro passado, o 777X sofreu um revés quando falhou em um teste de resistência, sofrendo uma descompressão explosiva que rasgou a fuselagem e explodiu a porta de passageiros (veja clicando aqui ou ao final desta matéria).

O executivo-chefe da Boeing, Dennis Muilenburg, foi demitido em dezembro por conta das revelações da crise do MAX. Depois que ele assumiu o cargo em 2015, as ações da Boeing dispararam graças a um novo foco nos lucros, mas que agora se sabe que foi baseado na política revelada nos e-mails internos.

Um porta-voz da Boeing disse: “O 777X será rigorosamente certificado. Se houver aprendizados que o afetem, o processo de certificação os capturará.”

Veja na matéria a seguir como ficou o 777X após a falha nos testes:

Murilo Basseto
Murilo Bassetohttp://aeroin.net
Formado em Engenharia Mecânica e com Pós-Graduação em Engenharia de Manutenção Aeronáutica, possui mais de 6 anos de experiência na área controle técnico de manutenção aeronáutica.

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