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easyJet quer isolamento social a bordo, Ryanair quer aviões lotados e preço baixo

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Na semana passada, duas empresas aéreas rivais, que são também as maiores low-costs da Europa, protagonizaram o antagonismo do momento em que vivemos. Enquanto a easyJet defende o isolamento social a bordo como forma de preservar a saúde dos viajantes no primeiro momento pós-pandemia, a Ryanair acha isso “uma grande bobagem” e quer aviões cheios.

easyJet espera um reinício mais suave

No caso da easyJet, segundo uma matéria do The Guardian, o presidente-executivo da companhia, Johan Lundgren, vê uma demanda reprimida por viagens quando os bloqueios terminarem, mas não espera que os aviões estejam cheios imediatamente. Enquanto isso, sua empresa planeja manter os assentos do meio em seus aviões vazios a fim de fomentar o distanciamento social nos primeiros meses de recuperação da pandemia.

Detentora de uma frota composta por modelos da família Airbus A320 com configuração interna densa e fileiras com três assentos, a transportadora de baixo custo está pensando em como voltará a operar após uma parada que atualmente lhe custa até R$ 240 milhões por semana. A mudança proposta faria com que os passageiros nos assentos das janelas e corredores tivessem um assento vazio ao lado deles e o bloqueio se daria na hora da reserva.

“Espero que isso aconteça. Isso é algo que faremos porque acho que é algo que os clientes gostariam de ver”, disse Lundgren. “Trabalharemos com as autoridades e ouviremos as opiniões e pontos de vista dos clientes sobre o que eles acreditam ser a coisa certa a fazer, principalmente no período de retomada”.

Ryanair espera guerra de preços

Por outro lado, a Ryanair, maior empresa aérea da Europa em número de passageiros (antes da epidemia), tem uma visão diferente.

Segundo seu chefe, Michael O’Leary, as propostas para os aviões voarem com assentos vazios no meio quando as restrições de viagem ao coronavírus terminarem são “loucura”, “irremediavelmente ineficazes” e “inacessíveis”.

Segundo matéria do Irish Times, a empresa quer colocar medidas de contenção antes do embarque, como a introdução de verificações obrigatórias de temperatura e máscaras para passageiros e tripulantes, mas ainda assim quer aviões lotados.

Em entrevista à Reuters, o presidente-executivo da Ryanair criticou as autoridades. “Estamos em diálogo com reguladores que estão sentados em seus quartos inventando restrições como, por exemplo, evitar os assentos do meio, o que é um absurdo”, disse O’Leary. “Não teria nenhum efeito benéfico”.

Desocupar os assentos não manteria, em nenhum caso, a necessária separação de dois metros entre os passageiros, o que também é impossível de aplicar em outros pontos durante as viagens, disse O’Leary. “As pessoas chegam ao aeroporto em trens sem distanciamento social”, disse ele. “Você não pode fazer distanciamento social no aeroporto nem no check-in, nem na segurança, em restaurantes ou lojas – até os aeroportos admitem isso.”

Embora a fala de O’Leary, ontem vimos que o Canadá está implementando medidas de distanciamento em todos os aeroportos do país para evitar aglomerações em pontos como check-in e o controle de bagagens. E vários analistas entendem que essa é uma tendência global para os próximos meses.

O executivo também acredita que o pós-pandemia será marcado por uma guerra de preços e que a Ryanair será protagonista. Além disso, ele se apoia em uma pesquisa de pulso feita no Reino Unido que diz que a maioria das pessoas vai querer fazer alguma viagem quando toda essa situação passar e que isso deve ajudar na recuperação do setor.

Em resumo

Quem vai ditar o passo da recuperação será o mercado e, embora as pessoas queiram realmente viajar após a pandemia passar, ainda não é possível prever quando isso acontecerá.

Também não é possível dizer como será a recessão em que o mundo cairá e nem se todos terão coragem de se colocar num avião e viajar para um “hotspot” do vírus, como Londres, por exemplo, ainda que haja aferição de temperatura, uso de máscara e filtros HEPA nas aeronaves.

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Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.
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