O Sudão está pronto para permitir que voos de ou para Israel usem seu espaço aéreo, disse o porta-voz militar sudanês Amer Mohamed al-Hassan à Al Jazeera, no entanto, ele salientou que a El Al, companhia israelense, está excluída dessa permissão.
A decisão segue uma reunião surpresa entre Abdel Fattah al-Burhan, chefe militar do Conselho de Soberania Coletiva do Sudão, e o primeiro-ministro israelense Benyamin Netanyahu, em Uganda esta semana.
O Sudão não reconhece Israel, embora a reunião tenha sido vista por alguns como um primeiro passo para a normalização dos laços entre os dois Estados. Netanyahu disse que permitir sobrevoos sobre o Sudão reduziria significativamente o tempo de voo para a América do Sul.
A maioria dos Estados árabes que não reconhecem Israel não só proíbem voos diretos para o país, mas também restringe sobrevoos a caminho de ou para Israel. Exceções notáveis são Egito, Jordânia e (desde o início de 2019) Chade, todos os quais reconhecem Israel e permitem voos comerciais para o Estado judeu.
Atualmente, os únicos voos programados que ligam Israel e América do Sul são os do serviço tri-semanal da Latam para Santiago via São Paulo. Por causa da restrição, o tempo de voo para leste é de 15 horas e 20 minutos, pois a aeronave tem que contornar todo o norte da África a caminho de Israel. Se voasse com a rota mais curta, os voos poderiam levar até 1,5 hora a menos.
Como companhia judia, que segue os preceitos do judaísmo, a El Al fica excluída do acordo.
Voos para a África têm menos impacto
Os serviços africanos de e para Israel são menos afetados pela proibição, pois os voos para Joanesburgo (operados pelo EL Al) e Kigali (da RwandAir) exigem desvios relativamente pequenos ao voar sobre o Mar Vermelho.
No entanto, não está claro se a declaração dos militares do Sudão se traduzirá em política real. A decisão de se reunir com Netanyahu foi recebida por duras críticas de outros estados árabes e da parte civil do governo de transição do Sudão.
Após a derrubada da ditadura de Omar al-Bashir em 2019, o país tem sido governado pelo Conselho de Soberania de onze membros, no qual os militares e os civis devem compartilhar o poder.
No início de 2018, a Arábia Saudita – que também não tem relações diplomáticas com Israel – permitiu que a Air India usasse seu espaço aéreo para operar voos de Delhi para Tel Aviv.