Em carta aberta, presidente da Azul fala sobre números e perspectivas da empresa

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Junto com a divulgação dos resultados do primeiro trimestre, a Azul divulgou uma carta assinada por seu diretor-presidente, John Rodgerson, em que ele interpreta os números e fala sobre algumas projeções da empresa para os próximos meses e anos.

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Uma carta da administração é, quase sempre, um elemento importante da divulgação dos resultados, uma vez que é um documento oficial de como a empresa vê seus resultados e pode dar perspectivas daqui em diante.

Na carta, divulgada hoje (14), Rodgerson deixa a mensagem de que a empresa deve encolher nos próximos meses em vista a uma recuperação lenta da economia e do setor de viagens.

Leia a carta na íntegra

“Eu sempre digo que nós temos os melhores tripulantes do mundo, e desde o início da pandemia da COVID19, eu não poderia ser mais grato pelos sacrifícios que eles têm feito para cuidar de nossos clientes, um dos outros, e da nossa empresa. Nossos resultados serão impactados pela pandemia no curto prazo, no entanto, estou seguro que estamos muito bem posicionados para superar este desafio e que sairemos desta crise mais fortes do que antes.

Com a implementação de medidas de restrição de viagens e do distanciamento social a partir da segunda quinzena de março, a economia brasileira ficou paralisada, levando a uma queda brusca na demanda de passageiros. Além disso, no final do trimestre, o real desvalorizou 33% comparado ao mesmo período no ano anterior, o que pressionou ainda mais nossos resultados.

Mesmo assim, nossa receita subiu 10% ano contra ano, principalmente devido à forte demanda em janeiro e fevereiro, e ao crescimento de 12% da capacidade. A Azul entrou nessa crise apresentando um aumento de sua receita unitária ajustada pela etapa média no 1T20, mesmo com a significativa expansão da capacidade antes da crise chegar no Brasil.

Nossas outras receitas apresentaram um crescimento expressivo, principalmente relacionado com o aumento de 41% da receita da Azul Cargo no 1T20 e de 26% em março comparado com o mesmo período em 2019.

Em resposta aos impactos iniciais do início da pandemia, nós reagimos rapidamente e reduzimos nossos voos diários em 50% na segunda metade de março e em 90% em abril comparado com o mesmo período no ano anterior. Em maio, pretendemos operar 115 voos diários com aproximadamente 20 aeronaves para 38 destinos. Esperamos aumentar nossa malha gradualmente nos próximos meses à medida em que a economia volte a entrar em funcionamento.

A flexibilidade de nossa frota é uma vantagem que nenhuma outra companhia aérea no Brasil possui. Temos aeronaves que variam de nove a 214 assentos, o que nos permite adaptar a nossa malha de acordo com a demanda, o que é particularmente valioso num momento de incerteza como este. Também estamos conversando com fabricantes de aeronaves e arrendadores para ajustar o tamanho da nossa frota.

A Azul conta com o apoio de seus stakeholders, incluindo tripulantes, fabricantes de aeronaves, arrendadores, bancos, fornecedores e o governo brasileiro. O time de gestão da Azul desenvolveu um plano de recuperação que conta com o apoio de todas essas partes interessadas, a fim de manter a liquidez necessária para enfrentar esta crise.

Ontem, anunciamos o acordo com a Embraer para adiar a entrega de 59 aeronaves previstas entre 2020 e 2023 para 2024 em diante. Além disso, temos 51 aeronaves saindo da nossa frota até 2023, o que nos permite manter a flexibilidade necessária da frota à medida em que o mercado se desenvolve nos próximos anos.

Além do ajuste imediato na nossa malha e frota, também nos movimentamos rapidamente para reduzir custos e preservar caixa. Encerramos o primeiro trimestre com um saldo de caixa e investimentos de R$3,1 bilhões. Incluindo ativos disponíveis e reservas de manutenção, nossa posição total de liquidez foi de R$6,7 bilhões. Graças às iniciativas implementadas até o momento, encerramos abril com uma posição de caixa ligeiramente acima da realizada em março e esperamos uma queima líquida de caixa em maio e junho de R$3 milhões a R$4 milhões por dia, incluindo despesas com juros. Com a nossa posição de caixa atual esperamos suportar o atual ambiente de demanda por mais de um ano.

Entramos nesta crise como uma das empresas aéreas mais rentáveis do mundo, com um modelo de negócios de sucesso. O impacto da pandemia é sem precedentes, mas temos certeza de que a demanda por viagens aéreas irá se recuperar e que em breve estaremos prontos para ocupar os céus novamente, oferecendo a melhor experiência de viagem aos nossos clientes, o melhor emprego da vida aos nossos tripulantes, e ótimos retornos aos nossos investidores.

Obrigado pelo seu apoio contínuo”.

John Rodgerson, Diretor Presidente da Azul S.A.

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Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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