Em dez anos, um Airbus A380 não valerá nem 10% do seu preço original

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Avião Airbus A380 Emirates

A Cirium, empresa de especializada em dados e análises para a indústria da aviação, realizou um estudo em que mostra a estimativa do preço de um gigante A380, o maior avião de passageiros do mundo, num horizonte temporal de 10 anos.

A empresa de data & analytics levou em consideração a situação atual do mercado para essas aeronaves e as projeções para os próximos anos, que veem um declínio no uso do modelo, bem como o fechamento de sua linha de produção em 2021.

Depreciação acentuada

Segundo preços de tabela da Airbus, um novo A380 custava cerca de US$ 445 milhões em 2018. Embora pouco tempo tenha se passado, os valores de mercado agora variam entre US$77 milhões para uma aeronave de “meia-vida” construída em 2005 e US$276 milhões para uma aeronave nova construída em 2019 em condição de “vida inteira”. Já é uma perda de valor muito representativa per se.

Com cada vez menos empresas desejando um A380, era esperado que os valores básicos do modelo já deviam depreciar em um ritmo mais acentuado do que safras semelhantes de outros modelos de aeronaves. Assim, o gráfico abaixo mostra a depreciação esperada do valor base para um modelo produzido em 2019 em comparação com a aeronave de corredor único Airbus A320 nos próximos anos.

Note que como o A380 perde valor mais rápido.

Mercado secundário

Se por um lado, a Airbus não viu novas encomendas e fechará a fábrica do A380, por outro, a atividade de compra e venda do A380 no mercado secundário é muito limitada. Ate hoje, apenas uma aeronave foi sido adquirida por um segundo operador (a portuguesa Hi Fly, que adquiriu uma aeronave ex-Singapore). Além desse, não parece haver outras empresas aéreas interessadas na gigante aeronave, deixando a sua operação concentrada em apenas cerca de 12 companhias aéreas.

Presumindo que tal cenário não mude, a Cirium determinou que o valor de um A380, sem os motores, será de apenas US$ 1 milhão em 2030 (ver no gráfico abaixo o valor de “airframe“). 

Por sua vez, o motor perde menos em valor. Cada um custa normalmente mais de US$ 25 milhões quando novo*, daqui a dez anos (em 2030) terá um valor unitário de cerca de US$ 10 milhões (quatro motores seriam US$ 40 milhões).

Na prática, um jato que em 2018 custava US$ 445 milhões, valerá cerca de US$ 41 milhões (menos de 10% do valor original), com apenas dez anos de uso.

* os preços unitários dos motores levaram em conta negociações recentes anunciadas pela Rolls-Royce. Por exemplo, esse press release da fabricante do motor mostra que a All Nippon Airways comprou doze motores para alimentarem três A380, a um custo de US$ 300 milhões. Isso significa US$ 25 milhões por motor.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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