Em dificuldade, Air India recebe aporte do governo, mas sindicatos criticam

A endividada companhia aérea de bandeira indiana Air India recebeu um aporte de US$ 73,7 milhões do governo para ajudá-la a permanecer no ar, mas a ação da administração pública é criticada pela força de trabalho da empresa.

Avião Boeing 777-200 Air india

A quantia fica aquém dos US$ 353,8 milhões que a companhia aérea estava buscando e muito abaixo do total de US$ 1,12 bilhão que supostamente deveria ser fornecido à Air India neste ano financeiro.

Um relatório do Business Standard no sábado, 21 de dezembro de 2019, diz que o aporte foi dado à companhia aérea na quarta-feira da semana passada para ajudá-la a garantir novos fundos para os requisitos operacionais.

O investimento da semana passada chega em um momento em que a Air India está sob crescente pressão financeira. O governo indiano tem uma participação majoritária na empresa e despejou bilhões de dólares nela, mas a companhia está sangrando. No exercício de 2017/18, a empresa aérea perdeu US$ 770 milhões, e estima-se que tenha perdido US$ 1,261 bilhão no ano fiscal de 2018/19.

No mês passado, o ministro de Estado da Aviação Civil, Hardeep Singh Puri, disse ao Parlamento da Índia que a companhia aérea seria fechada se não fosse privatizada. O governo indiano está pronto para pedir manifestações de interessados na Air India em janeiro de 2020.

O ministro disse: “O AISAM (Mecanismo Alternativo Específico da Air India) aprovou a venda de 100% da participação do governo da Índia na Air India para o reinício do desinvestimento estratégico da empresa.”

Avião Boeing 747 Air India
Imagem: Adrian Pingstone [CC]

A companhia aérea possui dívidas superiores a US$ 8,5 bilhões. O governo indiano já transferiu US$ 4,3 bilhões dessa dívida para uma holding de ativos – Air India Assets Holding Ltd (AIAHL) – para ajudar a limpar o balanço da empresa e facilitar a privatização.

Sindicatos reclamam do aporte

Segundo o Business Standard, vários sindicatos de funcionários da Air India escreveram na sexta-feira ao primeiro-ministro Narendra Modi exigindo renúncia aos empréstimos dados à companhia aérea e pedindo que seja administrada por uma gerência profissional.

No contexto do governo que elaborou as modalidades de privatização da empresa, sete grupos de funcionários também disseram que a transportadora pode ser reerguida.

“A Air India registra lucro operacional há três anos. A manutenção dos empréstimos é um grande desafio, já que a despesa anual é superior a $ 4 bilhões de rúpias”, disseram eles em uma carta.

A carta foi assinada por representantes de sete sindicatos – Associação de Pilotos Comerciais da Índia, Associação de Pilotos da Índia, União dos Empregados da Corporação Aérea, Associação de Tripulação de Cabine de Toda a India, Associação de Empregados da Air India, União dos Empregados da Air India, Associação de Técnicos de Aeronaves da Índia e Associação de Engenheiros de Aviões de Toda a India.

Os sindicatos pressionaram o governo a considerar renunciar aos créditos e ter a companhia aérea administrada por uma gerência profissional.

“Temos uma fé imensa que, ao tomar essas ações, a Air India estará na liga das empresas lucrativas, mais uma vez. A Air India pode ser reerguida e administrada com sucesso nas mãos de profissionais, se o governo pretender”, afirmou a carta.

Além disso, os sindicatos disseram que não é verdade que os funcionários devem ser responsabilizados pela situação atual, como acusam veículos locais.

“A maioria dos funcionários da Air India é altamente competente e trabalhadora até hoje. Nossa operadora nacional sempre foi promissora – menos os infelizes tomadores de decisão dos governos anteriores – e ainda pode funcionar efetivamente com a presença de um líder forte e novas políticas”, disseram eles.

Murilo Basseto
Murilo Bassetohttp://aeroin.net
Formado em Engenharia Mecânica e com Pós-Graduação em Engenharia de Manutenção Aeronáutica, possui mais de 6 anos de experiência na área controle técnico de manutenção aeronáutica.

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