Competindo direto com grandes jatos, o chinês C919 não deve ser páreo para a Airbus, Boeing e Embraer, afirma um dos mais conhecidos Think Tanks americanos.
A análise foi divulgada pelo Centro para Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIC), que foi pertence à Universidade de Georgetown, uma das mais renomadas dos EUA. Ela cobre o jato comercial C919, fabricado pela estatal Comac e cujo design é original chinês, mas com parcerias estrangeiras, como o motor CFM LEAP de fabricação franco-americana e o sistema anti-gelo alemão da Liebherr.
Para muitos, esse é o maior avanço da indústria aeronáutica da China, sendo um jato voltado para o mercado exterior, já que leva a mesma quantidade de passageiros de um Airbus A320 ou um Boeing 737-800.
“A Comac recebeu muito aporte estatal e atenção global, mas não está no mesmo nível de fabricantes comerciais mais bem sucedidos como a Airbus, Boeing, Bombardier e Embraer”, afirma Scott Kennedy, conselheiro sênior do CSIC e responsável pelo estudo.
Segundo ele, a Comac não está nem próxima dos russos da Ilyushin, Sukhoi e Tupolev, que possuem maior tradição na aviação comercial, mas assim como a China não conseguem vender fora da sua esfera de influência.
“De fato, a distância está crescendo, já que as fabricantes ocidentais focam em desenvolver aeronaves com tecnologia do futuro, como supersônicos, enquanto a China ainda batalha para dominar as tecnologias de hoje, ou de duas décadas atrás”, afirma o especialista.
A referência de Scott está claramente aos projetos supersônicos como o da Aerion, e aos sustentáveis da Airbus, com motores de hidrogênio, e da Embraer com propulsão híbrida. Já a China só está entregando agora o ARJ-60 que é, na verdade, uma versão “nova” de um avião americano dos anos 60.
O especialista americano chegou a visitar uma fábrica da Comac em Xangai e afirmou que examinou diversas indústrias na China. Segundo a opinião dele: “definitivamente este setor (aeronáutico) é o mais patético que eu encontrei”. Sua afirmação foi dura, mas deve-se à processos ainda em estágio de amadurecimento.
Por outro lado, ele alerta sobre possíveis sanções dos EUA contra a Comac, já que o Departamento de Comércio americano está planejando classificar a fabricante chinesa como uma indústria militar e que após isso as empresas americanas precisariam de autorização prévia para vender qualquer produto para a Comac.
“Pode ser contraproducente colocar sanções, já que a China pode retaliar e afetar a Boeing”, afirma o especialista.
O C919 conta hoje com pouco mais de 100 pedidos, entre encomendas firmes e intenções de compra. Todos os clientes são da China continental, com exceção da GECAS (da General Eletric) que é um lessor americano com 20 pedidos, mas que muito certamente irão para empresas aéreas chinesas.
Por outro lado, o mercado doméstico chinês é grande o suficiente para trazer rentabilidade ao projeto, já que tem quase o volume de passageiros dos EUA, possui maior potencial de crescimento, e inclusive cresceu 13% neste mês quando comparado a dezembro do ano passado em termos de assentos ofertados segundo dados da OAG.
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