A Embraer e a Boeing estão negociando abrir uma fábrica do novo cargueiro militar da empresa brasileira, o KC-390, nos Estados Unidos, segundo informações do Valor Econômico.
As empresas estão mais próximas do que nunca após a Boeing anunciar a compra de 80% da divisão comercial da Embraer através da nova joint-venture.
Porém o desejo com o KC-390 já é antigo: a Boeing desde o início é a parceira nos EUA para venda e marketing do cargueiro. E com o anúncio da joint-venture ambas as companhias tinha declarado que consideram uma outra joint-venture para o KC.
Segundo as informações do Valor, a nova fábrica nos EUA seria resultado desta nova joint-venture e seria uma segunda linha de montagem da aeronave, em adição à fábrica de Gavião Peixoto.
Ter uma fábrica nos EUA é algo estratégico para a Embraer: um produto com selo Made in USA tem apoio de políticos e população das cidades próximas às fábricas. Mas o ponto principal é o acesso ao financiamento do governo americano para seus aliados e países estratégicos.
Alguns países como Afeganistão e Nigéria não conseguem financiamento em bancos internacionais devido à falta de credibilidade para pagamento de dívidas e conflitos internos. Mas os EUA estão dispostos a financiar a compra desde que o país seja aliado e que seja um produto “nacional”.
Prova disso é que esses dois países adquiriram o A-29 Super Tucano após a Embraer começar a fabricá-lo nos EUA, em parceria com a Sierra Nevada Corporation. Desde então praticamente todos os Super Tucanos encomendados são de parceiros dos EUA.
Com o fim da produção do C-17 Globemaster III em 2015, a Boeing parou de produzir cargueiros militares, enquanto a concorrente Lockheed-Martin segue a pleno produzindo o lendário Hércules, concorrente direto do KC-390.
Ter o KC americanizado é um ótimo apelo da Boeing para futuras compras pelo governo americano ou de aliados.