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ATUALIZADO EM 08/09 às 20h01 com nova nota da EMBRAER
A audiência de mediação entre a Embraer e o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, ocorrida na manhã desta terça-feira (8), terminou sem acordo. A empresa se recusou a atender a proposta do Sindicato para o cancelamento das 2.500 demissões e continuidade das negociações para que fosse encontrada uma alternativa aos desligamentos.
Aqui estão os dois lados da discussão:
Embraer chama sindicato de intransigente
Em nota à imprensa, a Embraer informou que, na audiência de mediação ocorrida hoje no Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região, apresentou proposta de extensão dos benefícios de assistência médica e auxílio-alimentação aos colaboradores desligados.
“O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos se manteve intransigente, recusou a proposta e nem mesmo se dispôs a levá-la para apreciação dos metalúrgicos através de assembleia. A empresa continua aberta à negociação, como sempre fez desde o início do processo”, diz o comunicado.
O que diz o sindicato
Em seu site, o Sindicato diz que propôs a adoção de um teto salarial na fábrica equivalente à remuneração dos ministros do Supremo Tribunal Federal, no valor de R$ 39.200. “Hoje, o teto na Embraer é de R$ 2.170.666,62 mensais, pago a um conselheiro”, diz o sindicato – a Embraer emitiu uma nota sobre isso, veja abaixo.
O valor a ser economizado com essa medida seria suficiente para manter o emprego dos 2.500 trabalhadores demitidos. Segundo o sindicato, “em resposta, o representante da Embraer disse apenas que esses super salários estão “de acordo com o mercado””.
Embraer comenta super salários
Diz a nota emitida na noite dessa terça:
“O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos mais uma vez falseia e manipula dados claros com intuito de confundir a opinião pública. Transforma dados anuais em dados mensais, cometendo um erro grosseiro de aritimética,
O Sindicato trata como salário números que também englobam bônus por desempenho, incentivos de curto e longo prazo, cujo pagamento é anual, como se fossem salário mensal. Não há qualquer salário ou remuneração mensal que corresponda aos valores citados.
A Embraer esclarece ainda que o mês selecionado pelo Sindicato para manipular essas informações é o mês no qual se consolidam e se fazem os desembolsos dos incentivos de remuneração variável de curto e longo prazos”.
O caso vai para a justiça
O Sindicato ainda diz que “a Embraer admitiu que não havia negociado as demissões, contrariando as orientações dos tribunais”. Simultaneamente à audiência, trabalhadores realizaram uma assembleia presencial e autorizaram o Sindicato a entrar com uma ação judicial para buscar o cancelamento das demissões.
“O posicionamento da Embraer na audiência não nos surpreendeu. A empresa sempre foi intransigente e nunca demonstrou qualquer preocupação com os empregos e direitos dos trabalhadores. Agora a situação é ainda mais grave e desumana, considerando-se este cenário de pandemia. Este momento é de união entre todos os trabalhadores em defesa dos empregos e direitos”, afirma o diretor do Sindicato Herbert Claros.
Cobrança ao poder público
O Sindicato enviou cartas ao presidente Jair Bolsonaro, ao governador João Dória (PSDB) e aos presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (DEM), e da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM) pedindo agendamento de reunião para discussão sobre a demissão em massa realizada pela Embraer. Os ofícios foram enviados por email, no sábado (5). Também será enviada carta ao prefeito de São José dos Campos, Felicio Ramuth (PSDB), e à Câmara Municipal.
“A Embraer é uma empresa que, mesmo após sua privatização, em 1994, continua recebendo dinheiro público por meio de financiamentos pelo BNDES. Recentemente, foi beneficiada com a liberação de R$ 3 bilhões. Não é possível admitir que a Embraer receba dinheiro público enquanto realiza demissão em massa”, diz um trecho da carta.
No dia 26 de junho, a Embraer assinou contrato de financiamento com o BNDES no valor de US$ 300 milhões. Outros US$ 315 milhões foram financiados por um consórcio de bancos privados e públicos, incluindo o Banco do Brasil.
Informações da Embraer e do Sindicato dos Metalúrgicos
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