Embraer está de olho na super encomenda da Aeromexico, que sai ainda esse ano

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Durante o Fórum da Associação Latino-Americana de Transporte Aéreo (ALTA), em Brasília, a Embraer conectou muito do seu desenvolvimento futuro ao crescimento das economias latino-americanas. Quando questionado sobre os condicionantes para o crescimento da divisão de jatos comerciais (futura Boeing Brasil), Reinaldo Krugner, VP de Vendas para América Latina e Caribe da fabricante, ressaltou o papel de destaque da região nos planos de crescimento da empresa, enquanto demonstrou preocupação com o potencial impacto das diversas crises dos últimos meses, sobretudo no Chile, Equador e Bolívia, bem como as eleições na Argentina.

Onde estão os Embraer?

Da Aeromexico, no norte, à Austral da Argentina, no sul, a Embraer tem atualmente 210 aeronaves voando com 13 operadoras em 11 países. Muitos desses operadores, diz a Embraer, procurarão atualizar suas frotas nos próximos anos. Além disso, os governos de vários países da região estão planejando melhorar a infraestrutura aeroportuária para facilitar as viagens aéreas para mais passageiros e para mais destinos.

“Todas as companhias aéreas que operam atualmente a E1 são candidatas naturais para substituí-las pelo E2 devido a todos os benefícios que essa mudança pode oferecer”, diz Krugner. “As equipes de manutenção são bem versadas nos sistemas da aeronave, e os pilotos que pilotam os novos jatos exigem apenas dois dias e meio de treinamento formal para serem certificados sobre o novo modelo”, acrescenta.

A brasileira Azul, cliente de lançamento do fabricante para o E195-E2, recebeu seu primeiro jato em setembro e está procurando explorar o mercado interno com a aeronave. A Embraer entregará mais cinco E195-E2 à Azul em 2019 e outras 20 em 2020. A estratégia de crescimento da Azul baseia-se na conexão de partes do Brasil que tradicionalmente têm sido pouco atendidas por outras operadoras.

“A única companhia aérea que está explorando esse aspecto regional é a Azul”, diz Krugner. “Azul tem informado que vai passar de 105 mercados servidos – quase o dobro de seu concorrente – para 150. Isso é um crescimento de 50%, mas ainda não é suficiente para o tamanho de um país continental como o Brasil.”

“Há uma enorme, uma imensa oportunidade para o Brasil desenvolver a rede da aviação”, diz o executivo, ecoando o coro de outros executivos durante o evento. “Estamos décadas atrás do que deveríamos estar”, diz Krugner, acrescentando que a Embraer está bem posicionada e pretende aproveitar essa oportunidade.

Aposta na super-encomenda da Aeromexico

O executivo da Embraer também observou que está em conversações com a Aeromexico, para que a companhia aérea mexicana adquira os E195 para renovar a frota da sua subsidiária, Connect.

“Estamos respondendo a todas as perguntas que a Aeromexico está fazendo. Estamos convencidos de que nossa aeronave E195 é o ideal para o mercado que a Aeromexico quer operar”,disse Krugner.

De acordo com o Grupo Aeroméxico, a reforma faz parte de um plano de combate à superlotação que existe no Aeroporto Internacional da Cidade do México (AICM), seu centro de operações. A Connect tem atualmente 10 aeronaves E-170 e 47 E190, se a companhia aérea decidir pelo E190-E2 e E195-E2, poderá aumentar sua capacidade em 25%, enquanto que se adquirir as aeronaves A220-300 da Airbus, aumentaria seu número de assentos em 35%.

Note-se que a decisão do Grupo Aeroméxico será anunciada até o final do ano. Nesse sentido, para financiar a aquisição – cerca de 60 unidades – a empresa nacional usaria um esquema misto de compra e locação.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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