Embraer fecha o ano com 363 aviões E-Jet encomendados; saiba para quem eles vão

EXCLUSIVO – A poucos meses de concluir a venda de sua divisão de jatos comerciais para a Boeing, a Embraer continua a apresentar uma carteira de pedidos saudável, com 363 E-Jets no backlog de entregas, que significam um montante em torno de US$ 20 bilhões em pedidos. Veja quais são eles e para onde eles vão.

Um dado importante para a análise é o quanto esse backlog representa em tempo de produção. De acordo com dados históricos da empresa, essa quantidade de pedidos em aberto representa três anos de produção, a uma taxa de 90 a 100 entregas por ano – média dos últimos três anos.

O que há nessa lista de pedidos e para onde vão esses aviões?

Análise por modelo de aeronave

Desse total, alguns dados chamam a atenção. Note que 50% das encomendas no backlog são para aeronaves E175-E1. Esses pedidos foram colocados há vários anos pelas empresas regionais norte-americanas, salvo poucas exceções, ao passo que não há nenhum pedido para o E175-E2 ainda. Uma estratégia para a Boeing Brasil poderia ser a tentativa de conversão de parte dessas encomendas para a versão E2, que acabou de fazer seu primeiro voo de testes.

Por sua vez, ainda há alguns remanescentes da série E190-E1 a serem entregues, embora todos eles já tenham sido produzidos. Veja a tabela.

Das séries de maior porte, destaca-se o E195-E2, onde 1/3 do total de pedidos é da Azul Linhas Aéreas Brasileiras. É uma concentração de carteira relevante, já que a fabricante pode ser afetada, caso algo de errado aconteça com a empresa aérea. Entretanto, o restante da carteira de encomendas está um pouco mais pulverizado, nas mãos de vários clientes diferentes.

Avião Air Astana E190-E2 Leopardo das Neves
E190-E2 Leopardo das Neves – Imagem: Air Astana

Análise por cliente*

As análises das encomendas por cliente revelam que 18 entidades jurídicas têm aeronaves encomendadas atualmente. Dentre elas, quatro empresas especializadas em leasing aeronáutico (os “lessores”).

Há apenas duas concentrações. Uma de 28% na Republic Airways (regional americana que presta serviços para a United), e 13% na Azul Linhas Aéreas. Outros 25% estão nas mãos dos lessores e, finalmente, há 34% divididos dentre outras empresas diversas.

Importante destacar que os aviões que estão alocados para os lessores, posteriormente serão repassados a outros operadores. Por exemplo, dois dos quatro E190-E1 em nome da Nordic Aviation Capital (NAC) serão destinados à Air France.

* Nota: a última apresentação oficial com o backlog de entregas da Embraer disponível em seu site institucional está datada de setembro de 2019. Desde então, a fabricante não tem atualizado o material. Portanto, esses dados são do nosso próprio banco de dados e de outros externos. As informações mais atualizadas acerca dessa lista de pendências de entrega. Pode haver uma pequena discrepância com relação ao tempo de atualização, mas geralmente, a informação é fiel.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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