Emirates Airline anuncia resultados; prejuízo de US$ 3,8 bi e 25 mil demissões

Avião Airbus A380 Emirates
Imagem: Emirates

O Grupo Emirates anunciou hoje os resultados financeiros da metade de seu ano fiscal de 2020-2021. A receita do grupo foi de US﹩ 3,7 bilhões no primeiro semestre, 74% abaixo dos US﹩ 14,5 bilhões registrados no mesmo período do ano passado.

Esse declínio dramático na receita foi causado pela pandemia da COVID-19, que interrompeu as viagens de passageiros em todo o mundo por várias semanas e fez com que os países fechassem suas fronteiras e adotassem restrições de viagem. Como parte das medidas de contenção da pandemia, o hub da Emirates e dnata em Dubai também suspendeu os voos de passageiros programados por 8 semanas em abril e maio.

O grupo anunciou a perda líquida de U﹩ 3,8 bilhões no período.

O Sheikh Ahmed bin Saeed Al Maktoum, presidente e CEO do Grupo Emirates, disse: “Começamos o nosso ano financeiro de 2020-2021 em meio ao isolamento global, quando o tráfego aéreo de passageiros havia sido interrompido. Nesta situação sem precedentes para o setor da aviação e viagens aéreas, o grupo Emirates registrou prejuízo no semestre pela primeira vez em mais de 30 anos”.

“Com a paralisação do tráfego de passageiros, a Emirates e a dnata conseguiram agir rapidamente para atender à demanda de carga e outras oportunidades. Isso nos ajudou a recuperar nossas receitas de zero a 26% em relação à nossa posição no mesmo período do ano passado.

25 mil demitidos

A base de funcionários do grupo Emirates, em comparação com 31 de março de 2020, teve a redução substancial de 24%, contando com 81.334 funcionários em 30 de setembro de 2020. Esse número está de acordo com a capacidade esperada da empresa e as atividades de negócios no futuro previsível e perspectivas gerais do setor. A Emirates e a dnata continuam buscando meios para proteger sua força de trabalho qualificada, incluindo a participação em programas de proteção de empregos, quando disponíveis.

Operacionais

Durante os primeiros seis meses de 2020-2021, a Emirates retirou as 3 aeronaves mais antigas de sua frota como parte da sua estratégia para melhorar a eficiência geral, minimizar sua pegada de emissões e fornecer experiências de alta qualidade aos clientes.

Conforme determinado pela Autoridade Geral de Aviação Civil dos Emirados Árabes Unidos, a Emirates suspendeu temporariamente os voos de passageiros em 25 de março e trabalhou com os governos e embaixadas para operar serviços de repatriação até a reabertura do aeroporto internacional de Dubai (DXB) para passageiros em trânsito e, posteriormente, para voos de passageiros programados. A companhia aérea também fez parceria com as autoridades de saúde para implementar, a bordo e em terra, medidas abrangentes de saúde e segurança contra a pandemia, para proteger seus clientes, funcionários e as comunidades atendidas.

A companhia aérea também reforçou o seu compromisso com o cliente, acelerando os reembolsos, oferecendo flexibilidade na remarcação de voos, estabelecendo em seu site um centro de informações de viagens relacionadas à COVID-19 para oferecer as informações mais recentes sobre os requisitos de viagens em constante mudança e lançando a primeira cobertura médica sobre a COVID-19 para todos os passageiros sem custo adicional.

A Emirates reiniciou gradualmente os voos de passageiros programados em 21 de maio. Em 30 de setembro, a companhia aérea já havia retomado seus serviços de passageiros e carga para 104 cidades.

Capacidade

A capacidade geral nos primeiros seis meses do ano fiscal caiu 67%, atingindo 9,8 bilhões de toneladas de carga disponível por quilômetro (ATKM), devido a um programa de voos substancialmente reduzido nos últimos meses, incluindo a suspensão dos voos de passageiros no aeroporto internacional de Dubai por 8 semanas. A capacidade medida em assentos disponíveis por quilômetro (ASKM) diminuiu 91%, enquanto o tráfego de passageiros transportados medidos em passageiro pagante-quilômetro (RPKM) caiu 96% e a taxa média de ocupação de passageiros caiu para 38,6% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram registrados 81,1%.

A Emirates transportou 1,5 milhão de passageiros entre 1º de abril e 30 de setembro de 2020, 95% a menos em relação ao mesmo período do ano passado. O volume de carga elevado em 0,8 milhão de toneladas diminuiu 35%, enquanto o rendimento mais do que dobrou em 106%, reflexo da situação extraordinária do mercado de transporte aéreo de carga durante a crise global da COVID-19, em que a redução drástica dos voos de passageiros causou limitação da capacidade disponível, enquanto a demanda por transporte aéreo de carga teve forte aumento.

A Emirates conseguiu aumentar 65% de seus volumes de carga em comparação com o mesmo período do ano passado, o que mostra a excelente agilidade de sua divisão de carga ao adaptar suas operações para fornecer serviços de transporte aéreo de carga neste novo contexto. Em muito pouco tempo, a Emirates Skycargo realizou a adaptação parcial de 10 aeronaves de passageiros Boeing 777-300ER para o transporte de carga no deck principal, adotou novos protocolos de operação para permitir o transporte seguro de carga nas cabines de passageiros, reiniciou e expandiu rapidamente a sua rede de carga global e implementou protocolos de biossegurança abrangentes para os funcionários.

Na primeira metade do ano financeiro de 2020-2021, a perda da Emirates foi de AED 12,6 bilhões (US﹩ 3,4 bilhões), em comparação com o lucro de AED 862 milhões (US﹩ 235 milhões) no mesmo período do ano passado. A receita da Emirates, incluindo outras receitas operacionais, de AED 11,7 bilhões (US﹩ 3,2 bilhões) caiu 75% em comparação com a receita de AED 47,3 bilhões (US﹩ 12,9 bilhões) registrada no mesmo período do ano passado, resultado das drásticas restrições de voo e viagens em todo o mundo relacionadas à pandemia da COVID-19.

Os custos operacionais da Emirates tiveram queda de 52% com a redução geral da capacidade de 67%. Os custos com combustível ficaram 83% abaixo dos custos registrados no mesmo período do ano passado, resultado da queda nos preços do petróleo (queda de 49% em relação ao mesmo período do ano passado) e queda no uso do combustível de 76% por causa das operações de voo substancialmente reduzidas durante o primeiro semestre do ano fiscal encerrado em fim de setembro. O combustível, que sempre foi o principal componente do custo da companhia aérea nos relatórios anteriores, representou apenas 11% dos custos operacionais versus 32% no mesmo período do ano passado.

Apesar da queda significativa nas operações do período, o EBITDA da Emirates manteve-se positivo em AED 290 milhões (US﹩ 79 milhões) em relação a AED 13,2 bilhões (US﹩ 3,6 bilhões) no mesmo período do ano passado.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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