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Emirates levará protótipo do 777X a Dubai para ajudar a Boeing nos testes

A transportadora do Golfo Pérsico, Emirates, disse que planeja testar o Boeing 777X em Dubai, onde fica o hub da companhia aérea, em algum momento de agosto do próximo ano.

Teste muito importante

Em reunião com o chefe da Administração Federal de Aviação dos EUA (FAA), o presidente da Emirates propôs planos para testar assiduamente o Boeing 777X antes de entrar em serviço. O motivo é evitar mais surpresas na aviação, como os problemas com o 737 MAX, como o dos motores do A380, dentre outros.

Após uma entrevista com a FAA, Tim Clark disse à FlightGlobal: “Eu quero que a aeronave atravesse o inferno na Terra para garantir que tudo funcione… Este será um programa de certificação adequado”.

E quem pode culpar a Emirates por colocar a segurança à frente do seu desejo de lançar a nova aeronave? A companhia aérea não quer apenas garantia da aeronavegabilidade da aeronave, ela quer confirmação de que a aeronave é capaz de suportar condições específicas da Emirates. 

Tim Clark especificou que pretendia testar a aeronave para garantir que “o motor da GE faz tudo o que eles dizem que faz no tipo de condições em que operamos aqui”.

Imagem: Paine Airport

Por esse motivo, a companhia aérea receberá a aeronave em Dubai no auge do verão do próximo ano, onde passará por um período de testes de cerca de dois meses.

Por que ter cuidado extra?

É óbvio que ninguém quer rever a novela dos problemas com motores enfrentados por Boeing e Airbus, nem ver problemas de rachaduras de asas como no A380, nem de baterias como no 787 e muito menos as tragédias com o 737 MAX. Mas não é só isso que está estimulando a cautela da Emirates com sua próxima entrega da Boeing. É a integridade do 777X em si.

No início deste ano, os motores GE9X, que impulsionam a aeronave, sucumbiram a vários problemas. Isso não apenas abalou a confiança na qualidade da engenharia da aeronave, mas também atrasou sua distribuição. Os motores, que são os mais poderosos do mundo hoje, foram consertados pela fabricante GE.

Compreensivelmente, testando a própria aeronave, a Emirates está adotando uma abordagem meticulosa para garantir a segurança dos passageiros. Não vai querer que o entusiasmo gerado em torno do 777X sobreponha a segurança.

O apertado cronograma de testes e a obrigação de superar integralmente as falhas de projeto levaram ao atraso no cronograma de testes e entrega. A Boeing programa-se agora para realizar o primeiro voo do 777X em algum momento no primeiro trimestre do próximo ano. Mas parece que para a Emirates, pelo menos, a aeronave não será introduzida tão cedo.

Asa dobrável do futuro 777-9 da Emirates

Um ano chave

Pelo cronograma original, 2020 era para ser um ano importante para as entregas do 777X, não para os testes. No entanto, os atrasos relatados acima resultaram numa situação em que a Emirates e outras companhias aéreas somente verão a primeira aeronave entregue em 2021.

Como resultado, a Emirates fez ajustes em suas encomendas junto à Boeing, como a que foi anunciada na terça-feira passada, onde haverá a substituição de alguns de seus pedidos do 777X pelo 787-9. Em resumo, a Emirates agora substituirá 30 de seus 150 pedidos do 777X pelo Dreamliner.

No entanto, a companhia aérea permanece positiva com a introdução do 777X, conforme ela divulgou em um comunicado: “temos o prazer de reafirmar nosso compromisso com o programa Boeing 777X e aguardamos ansiosamente sua entrada em serviço”.

Os planos da Emirates para o 777X

A Emirates está ansiosa por uma renovação da frota com aeronaves mais modernas e econômicas, com objetivo de aumentar seu lucro e ter mais eficiência operacional. Recentemente, a empresa aposentou aeronaves mais antigas como os A340, A330 e Boeing 777-200 (não ER ou LR).

Espera-se que, de início, essas novas aeronaves assumam algumas das rotas mais rentaveis da empresa, potencializando assim o lucro.

E é por isso que a Emirates busca trazer para perto de si os testes com o novo modelo, assim ela também conseguirá ter controle do ambiente de testes ao passo em que observa, paralelamente, questões de consumo e aproveitamento operacional que vão direcionar a decisão por quais rotas a aeronave assumirá assim que chegar à frota da empresa emiradense. Além disso, a proximidade permitirá que qualquer pequeno ajuste seja feito de maneira ágil, antes dos voos regulares começarem.

Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.
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