Empresa aérea cancela 1.800 voos por diversos problemas, incluindo protesto anti-vacina

Uma das maiores companhias aéreas do mundo e maior operadora do Boeing 737 no globo, Southwest está passando por uma crise operacional nunca vista.

Boeing 737-700
Imagem: Tomás Del Coro via Flickr

A empresa fundada em Dallas, no Texas, e que foi a primeira do mundo a adotar o modelo low-cost, low-fare, que reduz o custo operacional e compensa com passagens mais baratas, cancelou 1.800 voos apenas neste final de semana entre os dias 9 e 10 de outubro, sendo 1 mil apenas no domingo. Segundo a rede de TV americana CNBC, isso representa 36% da malha prevista da Southwest.

A empresa afirmou oficialmente que vários problemas relacionados ao Controle de Tráfego Aéreo (que teria feito uma mudança de sistema) e mau-tempo causaram os cancelamentos massivos.

No entanto, a explicação não pegou bem, já que a Agência de Aviação Civil dos EUA (FAA) afirmou que teve alguns problemas de sistema apenas na Flórida, que é um estado-chave para a Southwest mas está longe de ser onde está sua maior presença. A empresa possui grandes bases no Texas e também na Califórnia.

Boeing 737 -700
Imagem: Southwest Airlines

A FAA também afirmou que não teve problema com falta de funcionários desde sexta, sendo que apenas ocorreram atrasos em voos por causa de meteorologia adversa no dia 8, também na região da Flórida, mas que causaram apenas “algumas horas de atraso”.

A situação só piorou para a empresa quando os números de cancelamentos da concorrentes foram revelados. A American Airlines, que domina historicamente o mercado aéreo na Flórida, teve apenas 66 voos cancelados, que representam 2% da sua malha.

Já a Spirit Airlines, outra low-cost que compete de frente com a Southwest e é uma empresa da Flórida, teve mais cancelamentos, mas que não passaram de 4% da sua malha, totalizando 32 voos.

O que realmente aconteceu?

Desde então, várias teorias surgiram na web, mas uma ficou bem forte na data de hoje: a de que o problema teria sido maiormente causado por uma greve de funcionários por causa da obrigatoriedade da vacina.

Seis dias atrás, em meio a uma iminente ordem do governo federal de tornar obrigatória a vacina para qualquer empresa com 100 ou mais funcionários, as concorrentes da Southwest tornaram a vacina contra o Coronavírus obrigatória para seus empregados.

A medida causou protesto de pilotos, principalmente da American Airlines que foi uma das três que tomou a medida na semana passada. A empresa, assim como a Southwest, foi fundada no Texas, estado que tem a menor adesão à vacinação. Com isso, os sindicatos dos pilotos da American e da Southwest alertaram para a possível falta de tripulantes caso as demissões dos não-vacinados ocorressem. Inclusive, aconteceu um protesto contra a decisão de desligamento compulsório.

O senador americano Ted Cruz, do Partido Republicano, afirmou que “o trabalho da vacinação obrigatória de Joe Biden! De repente, estamos sem pilotos e controladores de tráfego aéreo”.

O AEROIN falou com dois funcionários da Southwest Airlines, um deles é piloto e está baseado em Chicago, outro é um funcionário de solo que trabalha na Flórida. Ambos pediram para que suas identidades não fossem reveladas.

Ambos disseram que não existe um protesto organizado contra a vacina em si, mas que “vários tripulantes não estão indo trabalhar alegando problemas de saúde e mostrando atestado médico” e que não é uma ação coordenada, mas que se espalhou pela empresa, segundo o piloto afirmou.

Já o funcionário da Flórida afirma que foi uma tempestade perfeita: “é uma loucura que está acontecendo, ouvimos rumores sobre o protesto, mas já estávamos no limite operacional faz um tempo, que misturou com o problema com a FAA, algumas tempestades e a indisposição pela vacina”.

Como visto acima, ontem mesmo o Sindicato dos Pilotos da Southwest entrou com uma ação federal cautelar pedindo que a obrigatoriedade da vacina seja bloqueada temporariamente pela justiça, alegando violação da Convenção Coletiva e também a Lei do Trabalho Ferroviário, que também inclui os trabalhadores da aviação.

O Sindicato, por sua parte, não comentou sobre a ação movida na justiça, e se limtou a dizer que “tem confiança que os pilotos não estão participando em qualquer ato oficial ou ação trabalhista não autorizada. Nossos pilotos continuarão superando o mal planejamento dos administradores da Southwest, assim como desafios operacionais externos, se mantendo os mais produtivos do mundo”.

Enquanto o problema não é resolvido, existem relatos que faltam até funcionários de solo, e que no Aeroporto de Orlando teriam apenas 4 ou 5 agentes de solo para atender os passageiros de 50 voos cancelados.

Carlos Martins
Carlos Martins
Fascinado por aviões desde 1999, se formou em Aeronáutica estudando na Cal State Long Beach e Western Michigan University. #GoBroncos #GoBeach #2A

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