Está de volta ao céu a South African Airways, mas ainda sem o dinheiro privado

Airbus A320 da SAA – Imagem: Bob Adams / CC BY-SA 2.0, via Wikimedia Commons

Após meses de preparação desde a saída do processo de resgate de empresas, a South African Airways (SAA), uma das mais tradicionais companhias aéreas do mundo, retoma hoje o serviço doméstico e continental.

O primeiro voo da companhia aérea foi uma decolagem matinal do Aeroporto Internacional OR Tambo, de Joanesburgo, para a Cidade do Cabo, nesta quinta-feira, 23 de setembro, sendo um dos três voos de ida e volta por dia lançados entre as duas cidades. Também estão previstos voos para cinco capitais africanas – Accra, Kinshasa, Harare, Lusaka e Maputo.

O CEO interino da SAA, Thomas Kgokolo, disse: “Esta semana é uma semana orgulhosa e significativa para a SAA e sua equipe, bem como para todos os cidadãos sul-africanos. Nossa jornada de volta aos céus não tem sido fácil e eu presto homenagem à nossa força de trabalho dedicada em todas as áreas do negócio, todos os quais trabalharam e estão trabalhando muito hoje. Pessoas em todas as facetas do negócio não querem nada mais do que o sucesso da SAA e que construamos uma nova companhia aérea com base na segurança e no atendimento exemplar ao cliente”.

Kgokolo disse que embora a South African tenha grandes ambições, seu foco primordial será uma gestão fiscal responsável e prudente e um compromisso com a transparência. “Retomamos este negócio com uma nova visão de orgulho da marca e que foi incutida em todos os colaboradores. Nossa primeira ordem de negócios é atender nossas rotas iniciais de forma eficiente e lucrativa e, em seguida, buscar expandir a rede e aumentar nossa frota, tudo dependendo da demanda e das condições de mercado.”

O presidente do conselho da SAA, John Lamola, disse: “O retorno da SAA proporcionará mais equilíbrio de mercado em termos de preços de bilhetes. Desde que a transportadora entrou e saiu do resgate do negócio, houve menos capacidade local e isso significa que os bilhetes se tornaram mais caros. Nosso retorno aos céus significará preços mais competitivos e permitirá que mais sul-africanos voem.”

Lamola afirmou que o retorno da South African Airways aos céus também é um facilitador econômico importante, especialmente com seu forte foco em voos de carga. “Economia à parte, há também o fator orgulho. Ver as cores da cauda da SAA em pistas internacionais não é apenas positivo para a África do Sul, mas para o resto do continente.”

Executivo Comercial interino da SAA, Simon Newton Smith, disse: “Somos, de muitas maneiras, uma metáfora para o país; nem sempre teve a história mais fácil, mas é resiliente, seu povo é orgulhoso e é um país que nunca deve ser subestimado. Nosso trabalho é mostrar ao mundo que a África do Sul está se recuperando e iniciando a jornada para uma recuperação plena e melhor. Estamos recomeçando humildemente, mas com grandes ambições.”

O Piloto Chefe da SAA, Mpho Mamashela, finalizou: “Todos nós que estaremos na frente dos aviões nas próximas semanas e meses compreendemos totalmente a nova visão da empresa e estamos orgulhosos de fazer parte desta nova era. Estamos determinados a ser absolutamente perfeitos e a deixar os sul-africanos orgulhosos”.

Na semana passada, falando à imprensa de seu país, o CEO interino da SAA disse que a empresa precisará buscar uma frota de fuselagem larga (widebody) mais moderna e se envolver em parcerias mais cooperativas com outras companhias aéreas. Nos planos, estão a volta dos voos para o Reino Unido, Alemanha, EUA e Brasil, para onde a empresa voou por 85 anos ininterruptos.

Retorno questionado

Apesar da boa notícia, o retorno da South African está sendo questionado, uma vez que o grupo investidor que aportaria os recursos na empresa disse que ainda está analisando o negócio.

O consórcio Takatso afirma que ainda está negociando com o governo um acordo de compra de ações para 51% da SAA, que está sujeito a várias aprovações e pré-condições. “Nosso foco agora é a conclusão do contrato de compra e venda de ações. É uma transação grande e complexa e prevemos que levará algum tempo, mas há um forte compromisso de ambas as partes para garantir que o acordo seja finalizado”, explicou o CEO da Takatso, Gidon Novick, em um comunicado.

Assim, apesar de voando, a SAA ainda não tem acesso aos US$ 203,5 milhões que a Takatso deve injetar nos próximos três anos para os custos operacionais da companhia aérea. Em vez disso, a empresa aérea conta apenas com os US$ 33,8 milhões de capital de giro delimitado por seus administradores anteriores para seu reinício.

O dinheiro faz parte do resgate de US$ 712,3 milhões do estado, que deve cobrir as dívidas herdadas da companhia aérea, portanto, na prática, a empresa reiniciou totalmente estatal, algo que o governo prometeu que não aconteceria.

Informações da South African Airways e da Reuters

Murilo Basseto
Murilo Bassetohttp://aeroin.net
Formado em Engenharia Mecânica e com Pós-Graduação em Engenharia de Manutenção Aeronáutica, possui mais de 6 anos de experiência na área controle técnico de manutenção aeronáutica.

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