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Esta é a única empresa que exigiu o Engenheiro de Voo no Boeing 767

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Engenheiro de voo é uma profissão quase extinta hoje em dia, mas “no início do seu fim”, uma empresa optou por continuar com eles em seu novo jato.

Pilotos e Engenheiro no 767 – Ansett Australia

O Boeing 767 e seu “irmão menor”, o 757, foram desenvolvidos em conjunto com objetivo de atender a mercados distintos. No entanto, os cockpits de ambas as aeronaves são praticamente iguais e permitem uma transição rápida para os pilotos habilitados, conceito que depois foi ampliado pela Airbus em toda sua linha.

No entanto, a Boeing, no início dos anos 1980, estava com uma oportunidade de ouro: lançar o primeiro grande jato sem a posição de Engenheiro de Voo, algo inédito.

Quando o 767 começou a ser desenhado e os protótipos produzidos, a FAA, agência americana responsável pela aviação civil local, ainda não tinha dado o aval de exclusão do Engenheiro de Voo, algo que só foi possível com um nível maior de automação das aeronaves.

Isso ocorreu só em julho de 1981, quando 30 jatos 767 já tinham sido construídos e faltavam 11 meses para a primeira entrega. Sem a certeza do fim da função do Engenheiro, a Boeing decidiu construir estas primeiras unidades com o equipamento do Engenheiro de Voo e depois iria retirá-los, caso as companhias desejassem. O painel padrão foi mantido em muitos aviões e pode ser visto na imagem acima.

E assim foi feito, visando reduzir custos e após fechar acordo com os sindicatos para a não-demissão imediata dos engenheiros (que seriam treinados para virarem pilotos), a United Airlines, TWA, Delta Airlines, Air Canada e outras, optaram por voar o 767 com apenas dois tripulantes.

Down Under

Acontece que a Ansett Australia acabou indo na contramão de todo o mundo. Segundo o portal TravelUpdate, a decisão foi tomada por Peter Abels, presidente da companhia. Nunca foi clara a decisão dele, mas ele teria garantido a todos os seus Engenheiros de Voo que eles não seriam demitidos.

767-200 da Ansett Australia – Aero Icarus

A maioria das informações disponíveis apontam que a Ansett não queria desafiar os sindicatos, o que aconteceu nos EUA, onde as companhias aéreas ganharam a batalha após garantir o remanejamento para a posição de piloto. Então, assim foi feito, e a Ansett operou de 1983 até 1995 com os engenheiros de voo na cabine do Boeing 767, sendo a única no mundo a fazer isso.

Inclusive, boatos surgiram na época de que ela queria que os Airbus A320 tivessem a posição, mas que a Airbus nunca considerou isso já que não era parte da filosofia da empresa e nem do projeto original.

Em 1991, a revista Financial Review, da Austrália, estimou que o custo para manter esses engenheiros de voo na equipe, que eram apenas oito ao todo, dado o número reduzido de aviões 767 que a empresa tinha (apenas 5), era de $70 mil dólares australianos por ano na época.

O valor atual desta operação, corrigido à inflação, é de $137 mil dólares australianos, ou R$564 mil reais por ano. Isto fez com que, em 1995, a empresa pedisse para a Boeing desfazer a instalação da posição de Engenheiro de Voo, já que outros aviões 767 usados posteriormente adquiridos, já vinham com cabine para dois pilotos apenas e então houve a deixa para padronizar a frota, segundo matéria do FlightGlobal.

O histórico e raro vídeo abaixo mostra praticamente o voo completo entre Melbourne e Sydney, operado pela Ansett em 1987 num Boeing 767 com engenheiro de voo:

No Brasil, apenas uma companhia aérea opera hoje um avião que precise deste profissional, e nós tivemos a oportunidade de conhecer um destes engenheiros:

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