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Este Boeing 767 tinha mais assentos na executiva que na econômica por causa do Brasil

A empresa aérea escandinava SAS Airline operou apenas dois jatos Boeing 767-200, e com um propósito específico: voar para o Brasil sem escalas.

Um dos dois Boeing 767-200 da SAS © Torsten Maiwald

Já se vão mais de 30 anos sem voos regulares da SAS para o Brasil, mas a rota tem história. Ela foi iniciada em 1946, saindo da Suécia com aviões a hélice Douglas DC-4 Skymaster e foi evoluindo através de aviões de outras famílias da mesma fabricante, primeiro com o DC-7, na era do jato com os DC-8 e, depois, com o trijato DC-10 via Lisboa e destino final ao Rio de Janeiro.

Continuando na tendência de “reduzir os motores” e os custos, em certo momento a empresa optou pelo Boeing 767-200ER para dar continuidade à rota. A versão ER é a que tem alcance estendido, apesar do menor dos 767 já apresentar um excelente alcance para a época.

Assim foi feito e, em 1990, chegaram os dois novos e únicos 767-200ER, de matrículas LN-RCC e SE-DKP. Os registros bem distintos são porque a SAS, apesar de ter sua sede principal na Suécia, tem uma “tripla cidadania” escandinava, com subsidiárias e operações fortes na Dinamarca e na Noruega.

Inclusive, o voo para o Brasil saía da capital escandinava mais ao sul: Copenhague. A rota da cidade dinamarquesa para São Paulo tinha a distância aproximada de 10.384km, dentro do alcance do 767-200ER de 12.200km. Porém, para atingir este alcance, que também deve incluir combustível suficiente para desvios meteorológicos, ventos adversos e um possível aeroporto de alternativa de pouso, o jato não decolava com sua capacidade máxima de 290 passageiros, na verdade, era bem menos que isso.

Para resolver esse “problema” de peso, a SAS fez algo bem raro: colocar mais assentos na executiva do que na econômica. Eram apenas 73 assentos na classe menos confortável, enquanto 77 equipavam a executiva. Com, no máximo, 150 passageiros, o 767-200ER ficava mais leve para fazer a rota Copenhague – Guarulhos sem escalas, três vezes por semana.

O voo durava 13 horas e 10 minutos, e manteve por um bom tempo o recorde do voo regular mais longo (e sem escalas) partindo do Brasil.

Os voos SK-1955 saíam de Copenhague às 21h05 das segundas e quintas, chegando às 7h15 do dia seguinte em São Paulo. O voo de regresso saia de Guarulhos às 17h das terças e domingos, pousando na Escandinávia às 08h30 do dia seguinte como SK-1956.

Já a terceira frequência eram os voos SK-955 e SK-956, cuja ida decolava às 22h40 da Dinamarca, às sextas, chegando no Brasil às 7h15 do dia seguinte. O voo de volta SK-956 saia de São Paulo às 23h00 dos sábados, chegando em Copenhague às 14h25 do dia seguinte.

A rota com o Boeing 767 durou três anos, e em 1993, a SAS marcou o fim das operações no Brasil, só retornando recentemente em voos não-regulares e por causa do coronavírus.

Os Boeings gostaram e ficaram por aqui

© Pedro Aragão

Porém isto não marca o fim da história destes 767 especiais: eles foram para a Transbrasil logo em seguida, em leasing da própria. O LN-RCC virou o PT-TAJ, e o SE-DKP virou o PT-TAI no Brasil.

Os jatos ficaram de 1993 até 1999 no país nas cores da colorida Transbrasil. Acabaram indo para a Aeroméxico, onde ficaram até o final de sua carreira, inclusive voando para o Brasil por vezes.

Um detalhe é que o PT-TAJ foi alugado para a Avianca Colômbia por quatro anos, provavelmente tendo voado ao Brasil neste tempo. Já o PT-TAI teve um tail-strike (batida de cauda) durante a decolagem em Madri, acabou ficando por lá mesmo já que o conserto não valia a pena, segundo o portal Relembre abaixo a operação destes jatos na Transbrasil com o vídeo dos nossos colegas da JustPlanes:

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