Exército Brasileiro aluga um Boeing 767 para levar paraquedistas aos EUA

Receba essa e outras notícias em seu celular, clique para acessar o canal AEROIN no Telegram e nosso perfil no Instagram.

Os paraquedistas do Exército Brasileiros já chegaram aos Estados Unidos, onde se juntam a outra parte da tropa para o Exercício Culminating, que visa a troca de experiências entre as forças para aprimoramento em combate. A chegada dos brasileiros foi noticiada pela página U.S. Army South, que monitora o Exército Americano (espere carregar).

O Exercício Culminating está sendo realizado em Fort Polk, no estado americano da Louisana, e conta com a presença do 26º Batalhão de Infantaria Paraquedista do Exército Brasileiro, da lendária 82nd Airborne Division da US Army, além de jatos das forças aéreas dos EUA, Brasil e Reino Unido.

Recentemente, o Brasil enviou um Embraer KC-390 Millenium com parte do equipamento e um pequeno efetivo, já que a aeronave não seria capaz de levar toda a tropa. Enquanto isso, uma outra parte acabou seguindo num jato comercial fretado, já que outras aeronaves da FAB estão atuando na operação COVID-19.

Tal fretamento foi realizado num Boeing 767-300ER da Eastern Airlines, empresa americana que pretende, em breve, inaugurar voos regulares para Belo Horizonte. O voo para a Louisiana teve uma escala na Guiana.

O transporte em um jato de empresa privada resolveu o problema do transporte da tropa, mas também exemplificou a necessidade de o Brasil contar com uma aeronave de maior porte para o transporte tático. Para preencher tal lacuna, a Força Aérea Brasileira possui um projeto, que visa incorporar novamente um Boeing 767 à sua frota, mas que está parado desde o ano passado por questões técnicas.

Por sua vez, o jato KC-390 da Embraer é uma grande aeronave, mas tem espaço limitado e apenas um deck, o que facilita nas operações de lançamento de paraquedistas ou carga. Esta é uma aeronave ideal para atuar direto em zonas de conflito. No entanto, não é a melhor opção para deslocamentos longos, seja pela capacidade limitada ou alcance restrito.

Um exemplo de utilização de aviões maiores para operações táticas aconteceu durante o recente cerco da Embaixada dos EUA em Bagdá, em que foram enviados 750 paraquedistas da 82nd em jatos C-17 Globemaster mas também em aviões KC-10, que são derivados do civil Douglas DC-10.

Bem maiores, esses aviões levaram os paraquedistas ao Kuwait em pouco tempo, deixando-os prontos para dar suporte imediato aos fuzileiros que já estavam em Bagdá contendo uma possível invasão.

A novela para comprar um Boeing 767

Com a aposentadoria no início do milênio do Boeing 707, conhecido como Sucatão, a FAB precisava de um novo jato de transporte tático. Para isso lá em 2012 foi aberto o processo KC-X, que selecionaria entre o Airbus A330 MRTT, o Boeing KC-46 e o Boeing 767-300ER MMTT da IAI, para ser o novo jato da força.

Após anos, foi escolhido a proposta da IAI, que separou os jatos e chegou a converter eles para cargueiros, já que a aeronave seria uma configuração combi, podendo levar passageiros ou carga no deck principal.

A FAB por restrições orçamentárias acabou desistindo do jato, que foram repassados para a canadense CargoJet. Logo depois se decidiu pelo aluguel (leasing) de um Boeing 767 de passageiros pela Colt Cargo, empresa aérea brasileira que já não existe.

Foram dois anos com o chamado C-767 de matrícula FAB2900, que você vê na foto mais acima. A aeronave foi de grande ajuda, transportando tropas, equipamentos e também imigrantes venezuelanos, mostrando sua versatilidade.

Com o fim do leasing, o jato foi embora, e uma nova licitação foi feita para adquirir um novo jato e também alugar outro, mas ambas não foram para frente. A primeira a ser cancelada foi a de compra, e logo depois a de leasing foi suspensa pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

A licitação de compra foi cancelada após ter sido escolhido um vencedor, porém esta proposta de aquisição estava com valor inferior do que a nova proposta de leasing de três anos, o que chamou a atenção do TCU.

No final a licitação para o aluguel também foi cancelada no final de agosto passado, pelo mesmo motivo das outras: falta de dinheiro, além da recomendação do TCU.

Com isso o Brasil ficou novamente sem um avião de transporte tático, e infelizmente viu da pior maneira como faz falta uma aeronave dessa, com toda a crise no Amazonas.

Carlos Martins
Carlos Martins
Fascinado por aviões desde 1999, se formou em Aeronáutica estudando na Cal State Long Beach e Western Michigan University. #GoBroncos #GoBeach #2A

Veja outras histórias