A Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA) abriu uma investigação depois que uma pesquisa com engenheiros da Boeing revelou que uma porcentagem significativa deles não se sente confortável para levantar questões de segurança de aviões. A pesquisa realizada pela FAA entre maio e julho revelou que 35% dos funcionários da Boeing entrevistados (11 de um total de 32) levantaram questões de conflito de interesses e falta de independência.
A descoberta da FAA surpreende, já que a Boeing tem passado por um choque de gestão nos últimos meses, inclusive trocando diversos executivos, após ficar constatada, no ano passado, uma cultura de acobertamento de problemas promovida por uma cultura corporativa tóxica. Além da instituição de novos comitês de governança, o CEO da empresa foi trocado.
“A cultura corporativa da Boeing parece impedir os membros de se comunicarem abertamente com a FAA”, diz a carta obtida pela Bloomberg. Esses membros seriam aqueles funcionários designados pela fabricante e aprovados pela FAA para tomar decisões de segurança em nome da agência reguladora.
Esse grupo deve permanecer sempre independente e isento, mas a prática tem mostrado que isso não funciona. Por conta disso, há mais de dois anos congressistas dos EUA propõem que a FAA não “terceirize” mais a certificação das aeronaves. De fato, desde o ano retrasado, algumas dessas autonomias foram retiradas das fabricantes, mas outras ainda persistem.
“Essas preocupações exigem uma revisão objetiva e uma investigação mais aprofundada dos fatos”, diz a carta, assinada por Ian Won, chefe interino do escritório da FAA que supervisiona a Boeing.
No início deste ano, a Boeing concordou em pagar US$ 6,6 milhões em penalidades civis à FAA por violações de segurança, incluindo “pressão indevida” sobre os funcionários. Era esperado que não houvessem mais as mesmas desconfianças por parte dos funcionários, mas a pesquisa recente revelou o contrário.
