As maiores indústrias de aviação do mundo – Boeing e Airbus – enxergam um horizonte nebuloso, com uma recuperação lenta do setor aéreo. Estudos de empresas renomadas como a Bain & Company evidenciam que a retomada do turismo dever ser lenta, ditando o passo da recuperação das companhias aéreas.
Na semana passada, a Airbus anunciou uma redução drástica na produção de aeronaves, de acordo com os relatórios internos, e pode não aumentar totalmente por anos, já que as empresas aéreas estão pedindo para que as entregas sejam adiadas.
Embora a fabricante europeia tenha se recusado a comentar, o jornal de negócios The Financial Times informou que a empresa reduziu a produção de suas aeronaves A320, seu carro-chefe, para “bem abaixo dos 60 por mês alcançados antes da crise”. A Airbus também reduziu a produção das aeronaves A350 e A330 de médio e longo curso, de acordo com o Financial Times.
Em uma declaração bastante seca em seu site, a empresa apenas observou: “A Airbus está monitorando de perto a evolução da situação do covid-19 em todo o mundo e está em constante diálogo com clientes, fornecedores e parceiros institucionais.
Enquanto isso, a rival Boeing lançou um programa de demissão voluntária (PDV) e alertou que uma recuperação do setor pode demorar anos. A norte-americana anunciou medidas para reduzir sua força de trabalho a partir de abril, esperando que “vários milhares de funcionários” aceitem a oferta do PDV ou se aposentem.
Em uma mensagem para a equipe, Dave Calhoun, executivo-chefe da Boeing, alertou que “o processo de recuperação” pode levar anos. Ele disse: “Estamos iniciando um plano de demissão voluntária que permite que funcionários qualificados que desejam sair da empresa o façam com um pacote de remuneração e benefícios. Isso visa reduzir a necessidade de outras ações mais duras”.
Calhoun disse que as medidas “nos levarão à recuperação, desde que não sejamos confrontados com mais desafios inesperados”. Mas ele acrescentou: “Não posso prever com certeza o que os próximos meses trarão”.
“Quando o mundo emergir da pandemia, o tamanho do mercado e os tipos de produtos e serviços que nossos clientes desejam e precisam provavelmente serão diferentes. Precisamos equilibrar a oferta e a demanda de acordo com o processo de recuperação da indústria nos próximos anos”, finalizou.
O primeiro golpe mais forte para a Boeing até agora aconteceu na semana passada, quando a Avolon, uma das maiores empresas de leasing do mundo cancelou um compromisso de compra futura para 75 Boeing 737 MAX. Analistas acreditam que novos cancelamentos devem acontecer nas próximas semanas e meses.