Família quer de volta a área do Aeroporto de Guarulhos, que doou em 1941 à União

Imagem: Delfim Martins / GRU Airport

O Aeroporto Internacional Governador André Franco Montoro, em Guarulhos (SP), o mais movimentado da América do Sul, é alvo de uma disputa judicial.

De acordo com informações dadas com exclusividade pelo Domingo Espetacular, da RecordTV, a tradicional família Guinle, conhecida por construir empreendimentos emblemáticos para o país, como o Copacabana Palace, Palácio das Laranjeiras (atual sede do governo carioca) e a Granja Comary, quer reaver uma doação feita para o governo há mais de 80 anos.

Em 1941, quando a Segunda Guerra Mundial dava as caras no Brasil, com o país correndo risco de ser bombardeado pela Alemanha, a família Guinle doou ao governo federal uma área de 9,7 km2, na época a Fazenda Cumbica, que é atualmente o Aeroporto Internacional de São Paulo/Guarulhos.

A ideia da doação era a de construir uma base aérea militar para ajuda na defesa do país, caso a Alemanha nos atacasse.

Mesmo sem sequelas da Segunda Guerra, o governo construiu a Base Aérea de São Paulo, a BASP, que hoje opera em conjunto com o GRU Airport, e sendo assim, os irmãos Octávio, Carlos, Arnaldo e Guilherme Guinle, que na época fizeram a doação, nunca pediram as terras de volta.

Mas, desde 2014, a família busca na justiça um acordo com a União, requerendo a revogação da doação ou uma indenização que pode chegar até R$ 5 bilhões.

E toda essa confusão está acontecendo porque, de acordo com os descendentes da família Guinle, algumas condições contratuais impostas na época da doação foram desrespeitadas. Para eles, não poderia haver a privatização do Aeroporto, pois sendo assim, a área não estaria mais sob comando do governo.

Uma especialista consultada pelo Domingo Espetacular, no entanto, afirma que não houve uma venda de área para a inciativa privada, e sim uma concessão para a inciativa privada operar no aeroporto durante o período de 20 anos no caso do Aeroporto de Guarulhos, portanto, as terras se mantêm da União, não tendo havido nenhum descumprimento das normas do contrato de doação.

Em entrevista à RecordTV, o advogado da União, Emilio Carlos Brasil Diaz, também alega que a União não descumpriu o acordo de doação, já que a base militar foi construída e está ativa até hoje.

Na justiça, o caso já foi julgado em primeira instância, e segundo o juiz, como o Aeroporto foi construído há mais de 30 anos, a petição estaria fora dos prazos legais para serem apreciadas em juízo.

Também foi alegado que os autores são partes ilegítimas, já que doações são negócios jurídicos personalíssimos e os direitos não podem ser transmitidos a terceiros, no caso, a descendentes.

A família Gunile está recorrendo na justiça em segunda instância, pois afirma que o descumprimento contratual ocorreu, na verdade, com a concessão feita há 9 anos, em 2012, e que os descendentes têm sim o direito legítimo de revogar a doação.

Agora, o caso está nas mãos do Tribunal Regional Federal, porém, não há prazo para que os juízes decidam em segunda instância.

Arthur Gimenes Prado
Arthur Gimenes Prado
Estudante do Ensino Médio, foi repórter e comentarista na TV Cultura Paulista e Rádio Morada do Sol FM, em Araraquara/SP cobrindo o esporte local. Também conta com passagem como colunista no Portal do Andreoli e fez participações especiais na Record News, Rádio CBN, EPTV e RedeTV!ES. Atualmente também atua na área de assessoria parlamentar na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (ALESP) como estagiário.

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