FedEx paga bônus de até $110 mil dólares para pilotos não se aposentarem

Com o pico da temporada de entrega de férias, a FedEx está pagando bônus de 40.000 dólares (155 mil reais) para os pilotos – e potencialmente até 110.000 dólares (430 mil reais) – para mantê-los voando até o próximo ano.

A informação foi obtida pela Reuters, de acordo com um contrato que a mesma teve acesso e com duas fontes com conhecimento do assunto.




Avião Boeing 777F FedEx
Boeing 777F da FedEx

Os bônus, descritos nos mais recentes contratos dos pilotos e antes não declarados, revelam que uma onda de aposentadorias de pilotos, escassez de pilotos e aumento na demanda de carga, impulsionada pelo crescimento do comércio eletrônico global, estão sobrecarregando a maior frota de entrega aérea do mundo.

Qualquer problema na manutenção da capacidade da FedEx, que muitos economistas consideram um medidor da força econômica dos EUA, perturba as cadeias de fornecimento em um momento em que elas já estão sendo desestabilizadas pelas tensões comerciais internacionais.

A FedEx e a rival UPS – United Parcel Service, que está tentando recrutar centenas de pilotos este ano mas não está pagando bônus, desempenham um papel crucial nas cadeias de fornecimento globais do setor aeroespacial ao varejo. Principalmente durante as férias, quando o volume médio diário de entrega pode dobrar.

A porta-voz da FedEx, Bonny Harrison, recusou-se a comentar sobre pagamento de pilotos ou o uso de bônus para administrar o momento das aposentadorias. Ela apontou os detalhes de uma nova campanha de recrutamento que lançou publicamente em abril, e disse que a FedEx tinha cerca de 5.000 aviadores em sua folha de pagamento.

“A FedEx Express está bem equipada com pilotos neste momento, no entanto, estamos sempre olhando para o futuro”, disse Harrison.

Dois gerentes seniores da FedEx, familiarizados com a estratégia, disseram à Reuters que a companhia ofereceu bônus em dinheiro para pilotos aposentados manterem-se ativos durante a alta temporada que vai do dia de Ação de Graças em novembro até o fim do ano. É o período em que mais crescem os envios de encomendas.

A FedEx e a UPS registraram pico de negócios em 2016 e 2017. Por isso, planejam contratar 155 mil trabalhadores temporários para a alta temporada, para ajudar a distribuir produtos comprados de varejistas como Amazon.com, Walmart e Best Buy para os consumidores.

A demanda é tão grande no segmento que a Amazon, por exemplo, possui sua própria companhia aérea de carga, a Prime Air. E as perspectivas são tão positivas que a Amazon estaria buscando mais aeronaves para ampliar a frota.

Avião Boeing 767F Prime Air Amazon
Prime Air da Amazon – Imagem: Flickr / Planes&Trains

A Federação Nacional de Varejo dos EUA espera que as vendas de varejo em novembro e dezembro aumentem em até 4,8% em comparação com o ano anterior, para US$ 720,8 bilhões.

A FedEx avalia que deve perder de 150 a 200 dos seus cerca de 5.000 pilotos este ano – e aproximadamente o mesmo número anualmente no futuro previsível – à medida que mais pilotos se aproximam dos 65 anos, a idade de aposentadoria pelas leis federais, disse uma das fontes.




O contrato-piloto da FedEx visto pela Reuters, assinado no final de 2015, inclui um cálculo que permite bônus de até US$ 110.000 por piloto. As duas fontes disseram à Reuters que estão cientes de que os pilotos receberam bônus neste ano entre US$ 40 mil e US$ 50 mil, embora o número total de pagamentos não seja claro.

Esses bônus são calculados com base em uma parte do salário do piloto durante os 24 meses anteriores à sua data de aposentadoria, diz o contrato.

Voar para a FedEx é o emprego mais bem pago entre as companhias aéreas norte-americanas. Os pilotos de 30 anos ganham aproximadamente US$ 300 mil dólares ao ano (R$ 97 mil reais por mês), sem contar as horas extras ou bônus, disseram fontes da indústria.

Os bônus são o último sinal de uma escassez global de pilotos, que já está apertando as operações das linhas aéreas de passageiros e agora pressionando a FedEx, que parece já lucrar com a recuperação do mercado global de carga aérea após uma queda prolongada.

A cada dia, cerca de um terço em valor do comércio global – ou cerca de US$ 17,5 bilhões em produtos desde smartphones e televisores a vinho e vacinas – viajam por via aérea, segundo a Associação Internacional de Transporte Aéreo.

Tanto a FedEx quanto a UPS encomendaram bilhões de dólares em cargueiros da Boeing neste ano, em um movimento para modernizar suas frotas e atender à crescente demanda. O FedEx encomendou 24 aeronaves entre Boeings 767F e 777F, e a UPS encomendou 14 unidades do 747-8F.

Em novembro passado, a FedEx também encomendou dezenas de novos turboélices ATR 72-600F para seus parceiros menores – conhecidos como “feeders” (companhias aéreas alimentadoras) – que transportam pacotes de grandes instalações, como o “SuperHub” no Aeroporto Internacional de Memphis, para cidades menores ou áreas rurais onde jatos não operam.

Avião Boeing 747-8F UPS
Boeing 747-8F encomendado pela UPS

Não ter pilotos suficientes significa não voar os aviões com a mesma frequência com que os planos de negócios ditam. Ou mover mais carga por meios mais lentos ou mais caros, como navio ou caminhão.

A Ameriflight, sediada em Dallas, Texas, uma das companhias aéreas que alimenta a FedEx e a UPS, está correndo contra o tempo depois que o número de pilotos caiu este ano abaixo do número de aviões de sua frota.

Ao tentar recrutar novos pilotos através de mídia social e publicidade paga, a porta-voz da Ameriflight, Jamie Smith, disse que as cargas horárias dos pilotos nos últimos meses forçaram, ocasionalmente, a pagar por voos fretados mais caros ou rejeitar cargas da FedEx. Isso força a FedEx a encontrar outra transportadora ou enviar frete por caminhão, o que leva mais tempo.

“(FedEx e UPS) já estão sentindo isso da nossa parte”, disse Smith.

Além das gratificações dos pilotos, a FedEx lançou o programa “Purple Runway” em abril para aumentar seu número de funcionários, recrutando piloto recém formados para suas linhas aéreas.

O objetivo é “garantir uma linha completa de pilotos para nós e para o setor como um todo”, disse Fred Smith, diretor executivo da FedEx, em uma audiência em março na Delta State University do Mississippi, a primeira escola do programa. O discurso e o programa não foram relatados pela mídia nacional.

A UPS tem um programa de recrutamento similar chamado de “FlightPath” e estava trabalhando para recrutar entre 200 e 300 pilotos este ano, mas até agora não está pagando bônus, disse um porta-voz.




A escassez de pilotos está piorando à medida que as maiores empresas de caminhões dos Estados Unidos – incluindo as frotas da FedEx e da UPS – já estão enfrentando uma crônica escassez de caminhoneiros, que aumentou os custos de transporte e prejudicou os lucros nas empresas americanas.

Trip Miller, da Gullane Capital Partners, um acionista de longa data da FedEx, disse que a falta de piloto atingirá a FedEx mais duramente em cerca de 3 a 5 anos.

“Vivemos em um mundo onde a entrega em dois dias está se tornando muito mais comum”, disse Miller. “A falta de piloto não significa ‘nós não conseguiremos levar sua carga do ponto A para o ponto B’. Isso significará ‘não podemos pegar seus pacotes lá tão rápido ou, se fizermos isso, você vai pagar mais’.”

 
Informações pela Reuters.
 

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Murilo Basseto
Murilo Bassetohttp://aeroin.net
Formado em Engenharia Mecânica e com Pós-Graduação em Engenharia de Manutenção Aeronáutica, possui mais de 6 anos de experiência na área controle técnico de manutenção aeronáutica.

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