GOL celebra 10 anos de seu Centro de Manutenção como referência na América Latina.

PR-VBW realiza Check-C no hangar 1.
PR-VBW realiza Check-C no hangar 1.

Inaugurado em 15 de setembro de 2006, o Centro de Manutenção de Aeronaves da GOL, em Belo Horizonte, é o maior da América Latina. São 10 anos de trabalhos e de muito reconhecimento. Fomos muito bem recebidos, como de costume, por toda equipe da Gol Linhas Aéreas e por Alberto Correnti, Diretor de Manutenção da companhia, que nos apresentou um breve histórico dessa última década de operações, além de nos encaminhar para um enriquecedor tour pelas instalações.

Desde a sua inauguração, os números do CMA impressionam: cerca de 700 pessoas, entre elas engenheiros e técnicos, são responsáveis por 800 manutenções de aeronaves realizadas todos os anos. Já foram feitos mais de 47 mil reparos em rodas de trens de pouso, 4 mil janelas polidas manualmente, 23 mil assentos reformados, 7.500 freios reparados, 88 aeronaves pintadas e 22 mil litros de tintas utilizados. As instalações têm capacidade para atender até 8 aeronaves simultaneamente.

O complexo tecnológico conta com três hangares e diversas oficinas, oferecendo serviços rápidos e eficientes à frota de mais de 130 aeronaves Boeing 737 da empresa brasileira. Recentemente, o CMA foi condecorado com a certificação do FAA, órgão regulador americano, para realizar serviços de alta complexidade como o Check-C, tendo sido auditado e aprovado sob os mais rigorosos padrões de qualidade.

Os três hangares são divididos por nível de complexidade. Os hangares 1 e 3 são utilizado para manutenção pesada e preventiva das aeronaves, enquanto que o hangar 2 é utilizado para pintura, uma vez que é dotado de sistema de exaustores e ventilação que permitem a filtragem ecológica do ar e consequente devolução à atmosfera. Quando necessário, na ausência de aeronaves para pintura, o número 2 pode também ser utilizado para outros fins de manutenção.

 

Gilson Macedo, Gerente de Manutenção da Gol no CMA.
Gilson Macedo, Gerente de Manutenção da Gol no CMA.

 

Gilson Macedo, Gerente de Manutenção do CMA, é o responsável por liderar e conduzir os trabalhos nos hangares, ele foi responsável por nos apresentar cada oficina. Nítido é o seu orgulho por fazer parte desses 10 anos, ele comemorou: “A gente vem honrando o compromisso de realizar os serviços nível 3 de manutenção, que correspondem a mais de 50% dos serviços de uma aeronave e, ao longo desses anos, estamos sendo reconhecidos e incorporando novos serviços como a instalação de ACARS, internet a bordo e outros projetos. Recentemente obtivemos a homologação FAA que nos abriu diversas portas”.

Além disso, com esta nova certificação, a companhia está autorizada a prestar serviços de manutenção para outras companhias aéreas. No ano passado, a companhia iniciou manutenções de Check-A, pacote de tarefas com ações preventivas sem que seja necessária a desmontagem de grandes partes da aeronave, e os ‘ensaios não destrutivos’, técnica de inspeção com equipamentos específicos.

Também em 2015, as oficinas de Rodas e Freios, em Confins (MG), e de Baterias, em Congonhas (SP), receberam permissão da entidade americana para reparar componentes de aeronaves matriculadas nos Estados Unidos. É ela que destacamos nas fotos a seguir.

Outra coisa legal do CMA é que ele possui um plano de gerenciamento de resíduos, uma estação de tratamento de efluentes químicos (ETE) e reutiliza parte da água para próprios fins de limpeza e sanitários, o que evidencia sua preocupação e responsabilidade com a sustentabilidade e o meio ambiente.

 

 

Desde 2008, quando foi realizada uma ampliação e reforma do complexo, o CMA conta com uma oficina de interiores que cuida dos painéis, poltronas, cintos, janelas, estofados. Tudo o que se encontra do lado de dentro do avião e tem influência direta no conforto do passageiro.

As janelas das aeronaves são feitas em acrílicos e as variações de temperaturas durante o voo causam erosão do material ao longo do tempo, o que as deixa com pequenas rachaduras, como se estivessem trincadas. Você com certeza já viu algo parecido. Pois bem, a Gol tem uma oficina especializada em reparo das janelas e pára-brisas das aeronaves, e com uma curiosidade: é operado somente por mulheres.

Segundo pesquisas, as mulheres têm o tato mais apurado e preciso, por este motivo todos os cuidados de polimento são feitos por elas, manualmente. Uma janela pode demorar em média de uma a oito horas para ficar pronta para voltar à ativa. Existem casos de janelas que passaram mais de 24 horas no polimento para ficarem com 100% de qualidade. As mulheres que cuidam deste serviço chegam a utilizar até onze tipos de lixas para polir as janelas, que em seguida passam por inspeção de controle de qualidade.

No CMA também há uma grande oficina de reparo de poltronas, com uma equipe de hábeis costureiras e profissionais especializados em manutenção rápida ou complexa.

Já o setor que cuida das inspeções e reparos de pneus e freios da Gol é um verdadeiro centro de qualidade. Todos os sistemas passam por cuidados especiais antes de serem instalados nas aeronaves. Os freios dos trens de pouso recebem inspeção por banhos químicos e ultrassom para identificar eventuais fissuras e rupturas no material.

 

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PR-VBQ está tendo seu trem de pouso substituído.

 

Na borracharia, o serviço é pesado e todos os funcionários e visitantes precisam utilizar protetores nos ouvidos para poder permanecer no local. Os cuidados são bem parecidos com os dos freios, mas a curiosidade em torno dos detalhes que envolvem o pneu de um avião fez com que nossa visita se tornasse um grande aprendizado. Em média, a cada 200 pousos um pneu deve ser substituído. Se nesse período apresentar algum tipo de anormalidade que condene seu uso, o pneu volta ao CMA da Gol para nova perícia.

Um dos pontos mais curiosos foi entender que os pneus das aeronaves são preenchidos com nitrogênio. Isso ocorre para manter a segurança durante os pousos, pois o nitrogênio é muito menos suscetível ao risco de explosão ao tocar o solo, além de reagir melhor à diferenças de temperatura e pressão em que a aeronave é submetida durante um voo.

Os pneus esquentam muito e os freios chegam aos 800°C. O calor faz o interior do pneu liberar compostos de enxofre em forma de gás que, em contato com o oxigênio, poderiam explodir. Já o nitrogênio é um gás que não entra em combustão com facilidade e leva vantagens sobre outros gases com a mesma característica.

Antes de continuar, curta mais uma seleção de fotos.

 

 

A cada dois anos – ou 6.600 horas de voo – os aviões da companhia realizam uma parada obrigatória por cerca de 10 dias para cumprir as diretrizes estabelecidas pelo programa de manutenção. Com a aeronave no hangar os técnicos têm acesso a áreas que geralmente não estão expostas na operação diária, como assentos, pisos, banheiros e galleys, que são removidos para uma avaliação completa.

Nos despedimos do Gilson Macedo e sua equipe satisfeitos por todo o conhecimento adquirido. Uma verdadeira aula sobre os bastidores da aviação, a complexidade dos serviços e a qualidade com que são realizados.

Tudo isso se baseia na valorização do funcionário. Segundo Gilson, ele não tem dúvida que trabalha com o melhor time da aviação brasileira. “Em quase 10 anos de GOL, eu falo isso com muita tranquilidade. A GOL é uma empresa de oportunidades, nossa equipe tem o tratamento que merece, recebe um treinamento muito especializado”, disse.

O Gilson também nos revelou a expectativa pela chegada da próxima geração de aeronaves da família 737, o MAX, que a Gol tem pedidos previstos para chegarem em 2018. O Boeing 737 MAX tem grande compatibilidade de procedimentos com a geração ativa, mas apresenta novidades tecnológicas e benefícios em eficiências que vão elevar a companhia a outro patamar. “A economia de combustível, conforto e a facilidade que vamos ter pra adaptar os procedimentos de manutenção, tudo isso é muito significativo”, completou Gilson.

 

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