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Gol considerou compra de jatos Embraer E2, e eles podem fazer mais sentido agora

Há exatamente sete anos, em setembro de 2014, a Gol Linhas Aéreas anunciava interesse em expandir sua frota com aeronaves Embraer E2. O tema chegou a ser publicado em seu site de Relações com Investidores (RI) com a seguinte nota:

“A maior companhia aérea de baixo custo e melhor tarifa da América Latina, informa que, como uma empresa competitiva, está sempre avaliando novas oportunidades para seu negócio. No momento, a Companhia estuda a possibilidade de comprar aeronaves da nova família de jatos da Embraer E2, que começa a ser entregue pela Embraer em 2018. Estas aeronaves seriam uma opção para atender rotas de menor densidade que justifiquem a utilização de aeronaves com 130 a 140 assentos. Se, e quando, a Companhia decidir seguir, fará a divulgação devida para o mercado”.

Com o passar do tempo, a história mostrou que tal intento não frutificou e a companhia segue, até hoje, operando exclusivamente jatos Boeing 737-700 NG, 800 NG e MAX 8.

No entanto, o mundo mudou e novas estratégias podem fazer sentido.

Um mundo novo

No mundo de hoje e no pós-pandemia, aquela estratégia que a Gol desenhou em 2014, “de usar aeronaves menores para rotas de menor densidade“, parece fazer bastante sentido.

Estudos publicados pela Cirium e pela Embraer mostram que a retomada da aviação, nos próximos meses e anos, demandará aeronaves regionais de 100 a 150 assentos em todo o mundo. Embora não haja uma pesquisa publicada que tenha nosso país como foco exclusivo, essa mesma premissa também poderia ser aplicada ao Brasil.

Há dois motivos apontados nas pesquisas:

– o primeiro é que nem todas as rotas domésticas serão recuperadas aos níveis pré-pandêmicos no curto prazo (algumas nem no médio ou longo prazos), por motivos diversos como dificuldades econômicas, restrições de mobilidade e redução das viagens de negócios.

– o segundo, e no sentido inverso, é que novos mercados (hoje muito pequenos) vão florescer e demandar aeronaves maiores, também na casa dos 100 a 150 assentos.

Essa combinação é perfeita para uso de aeronaves regionais.

A Gol tem lacunas

Outrora totalmente focada em operações com jatos de um corredor de maior porte, nos últimos anos a Gol tem procurado parcerias para atingir mercados menores. Nesses acordos, a Gol assume o papel de distribuidora dos voos, ao passo que a parceira (por exemplo, a Voepass) torna-se o braço operacional. No fim do dia, para o passageiro, é um voo da Gol.

Para a empresa seguir expandindo, ela poderia resolver dois desafios com os jatos regionais. Vejamos:

– como a Voepass opera exclusivamente turboélices ATR-42 e 72, que levam até 70 passageiros, há um espaço grande até chegar nos jatos Boeing 737-700, para 138 passageiros, e 737-800 com 186 assentos.

– a Gol não colocou nenhum pedido para jatos Boeing 737 MAX 7, enquanto que sua frota de 737-700 NG (para 138 passageiros) está envelhecendo, com uma idade média de 17 anos, segundo dados do site Planespotters. Esses jatos mais antigos terão de ser substituídos, muito em breve, por aviões mais novos, modernos e econômicos.

Conversar sobre o futuro é parte do jogo

Recentemente, uma imagem foi compartilhada conosco, mostrando o que seria uma maquete de um jato Embraer E195-E2 na pintura da Gol, a qual teria sido apresentada pela Embraer durante uma reunião com a empresa aérea. No entanto, não temos detalhes da procedência, data ou veracidade da foto, então compartilhamos apenas de maneira ilustrativa.

De qualquer forma, pelo exposto acima, não seria uma utopia pensar que essa ideia faz bastante sentido nos dias que estão por vir. Veja a foto:

https://aeroin.net/gol-tera-425-voos-diarios-em-outubro-com-reforco-dos-hubs-de-congonhas-e-guarulhos/

Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.