Governo exige controlar o dinheiro injetado na TAP; aérea deve encolher

A próxima semana promete grandes emoções para a empresa aérea de bandeira portuguesa TAP Air Portugal. Além das declarações do governo sobre o uso do dinheiro que será injetado na empresa, seus executivos terão reuniões com sindicatos já na segunda-feira para negociar uma potencial redução de tamanho.

No começo dessa semana, a TAP Air Portugal recebeu a notícia de que a Comissão Europeia aprovou a injeção pelo governo português de um montante de até 1,2 bilhão de euros, na forma de linhas de crédito. De uma certa forma, é uma vitória para empresa, mas que não sairá de graça.

Um dos requisitos impostos pelo bloco europeu é que a ajuda governamental a uma empresa privada não pode acontecer sem que haja contrapartidas, sobretudo visando assegurar a competitividade dentro da região.

Na aprovação, a UE esclarece que a empresa precisa quitar todas as dívidas com o governo, adquiridas no âmbito desse processo de salvação em, no máximo, seis meses, ou então se reestruturar. O cenário atual, no entanto, não deixa alternativas, e segunda opção parece ser a única provável para a TAP Air Portugal.

Governo quer controlar o uso do dinheiro

Em conferência de imprensa na quarta-feira, o ministro da Infraestrutura e Habitação, Pedro Nuno Santos afirmou que o Estado está preparado para, a qualquer momento, injetar dinheiro na TAP, faltando apenas a aceitação por parte dos investidores privados, das condições que o Estado lhe apresentou”, cita o jornal Público.

Essas condições que ele cita referem-se justamente ao que os investidores privados menos querem, que é a presença maior do estado na gestão. O ministro acredita que o estado precisa fazer seu papel de controlar com rigor o uso dos recursos a partir de uma presença mais forte na gestão financeira da companhia aérea.

Para o ministro, sem esta intervenção pública, a TAP acabaria por falir, “o que significaria que os seus acionistas perderiam tudo o que têm”.

Esse assunto ainda vai dar muitas discussões, já que a relação de investidores privados e públicos nunca foi boa dada a visão diferente que têm sobre a administração da empresa.

Reestruturação e diminuição de tamanho

Ainda na entrevista, o ministro destacou a necessidade de um ajuste no tamanho da aérea, salientando que “não seria sério” tentar passar a impressão de que a estrutura da empresa não seria afetada.

“O Governo português não quer uma TAP pequena, quer uma TAP com a dimensão necessária para fazer face às necessidades da economia”.

Pedro Nuno Santos, ministro das Infraestruturas e Habitação.

A opinião do ministro faz total sentido já que, se a demanda por viagens não deve voltar aos níveis pré-crise nos próximos dois anos, não há motivo para a empresa queimar dinheiro e colocar seu futuro em risco. Isso seria muito mais traumático do ponto de vista de empregos e de economia. Portanto, é necessário que as mudanças sejam feitas agora para que ela volte a crescer no futuro, de maneira saudável.

Na próxima segunda-feira (15), representantes da empresa estarão reunidos com os sindicatos de tripulantes e outras categorias para discutir o plano de reestruturação, segundo o Portugal Digital. A partir dessa reunião, novas informações devem começar a surgir relacionadas com os possíveis reduções.

Os sindicatos estão receosos de que possa acontecer demissões em massa na empresa aérea e pedem que o estado se comprometa a manter a dimensão atual da empresa aérea. O Causa Operária é mais radical na sugestão de mudança e pede a estatização completa da companhia aérea.

Ainda não há pistas do que vai ocorrer, recentemente falou-se de uma TAP Air Portugal 25% menor, mas ainda há muito a discutir. A próxima semana será de grandes emoções para a linha aérea de bandeira portuguesa.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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