Grande avião chama atenção ao cruzar o Brasil a baixa altura

O avião cruzando o país – Imagem: FlightRadar24

Um voo de um grande avião da Azul Linhas Aéreas chamou a atenção de muitas pessoas nesta sexta-feira, 06 de agosto, ao cruzar boa parte do Brasil voando a uma altura bastante reduzida.

Embora pessoas que tenham familiaridade com a aviação entendam o que significa este voo, para a maioria daquelas que não têm essa proximidade com o assunto a situação chamou a atenção, gerando questionamentos e até preocupações sobre qual seria a motivação dessa incomum atitude.

A aeronave envolvida, conforme muitas pessoas notaram ao consultar as plataformas online de rastreamento de voos, foi o Airbus A330-200 registrado sob a matrícula PR-AIZ. O modelo é um grande jato de 58,8 metros de comprimento e 60,3 metros de ponta a ponta das asas, com capacidade de voar direto de São Paulo para os Estados Unidos ou Portugal, por exemplo.

Airbus A330-200 da Azul Linhas Aéreas

Conforme os dados captados pelas plataformas, o PR-AIZ decolou do Aeroporto Internacional Eduardo Gomes, de Manaus (AM), e se deslocou a baixa altura até o Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas (SP), uma rota de cerca de 2.600 km.

O trajeto até é regularmente feita pela Azul Linhas Aéreas com esse modelo de avião, por conta, principalmente, do grande volume de cargas transportadas entre as duas cidades nos grandes porões do jato, mas o percurso não costuma ser feito dessa forma.

Na ocasião, o Airbus A330 foi levado apenas até a altitude máxima de 11 mil pés (cerca de 3.350 metros em relação ao nível do mar), ao invés dos mais de 35 mil pés (cerca de 10.600 metros) geralmente utilizados, e depois baixado para 9 mil pés (2.740 metros) na maior parte do trajeto.

O PR-AIZ a 9 mil pés no meio do voo – Imagem: RadarBox

Com o voo baixo, a velocidade também foi muito inferior à de um voo padrão, com cerca de 300 nós (550 km/h) contra os quase 500 nós (920 km/h) comuns. Com isso, o tempo de voo foi de quase 5 horas, ao invés das cerca de 3 horas e 25 minutos do voo regular.

Mas, afinal, o que causou esse voo fora do normal?

A maior parte dos leitores frequentes do AEROIN já deve saber com todas as letras a resposta da pergunta acima, especialmente após a matéria da última quarta-feira, 04 de agosto, sobre este avião de matrícula PR-AIZ. Porém, àqueles que buscam entender, explicamos a seguir.

Como vimos, na tarde da quarta-feira o Airbus A330-200 pousou em Manaus e logo decolaria de volta com destino a Campinas, porém, foi envolvido em um incidente no aeroporto. Um veículo “loader”, aquele que executa descarregamento e carregamento de cargas no avião, atingiu a fuselagem do jato ao lado da porta do porão, criando um buraco na fuselagem.

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O dano não foi fundo a ponto de atravessar até o interior do porão de cargas, porém, problemas como este na fuselagem podem afetar a resistência estrutural, de forma que os esforços sofridos pela aeronave durante o voo, como o ciclo de pressurização e despressurização, por exemplo, podem resultar em uma ampliação do dano e até uma falha estrutural com consequências graves.

Assim sendo, após o incidente no solo de Manaus, uma avaliação técnica do problema foi executada no PR-AIZ, e a definição da Azul Linhas Aéreas, possivelmente em contato paralelo com a fabricante Airbus, foi que não haveria problema em transladar o jato até a principal base de manutenção da companhia, em Campinas, desde que mantida a baixa altitude para não ser necessário pressurizar a fuselagem.

Por ser este um voo especial, nenhum passageiro é transportado a bordo. Trata-se apenas de uma movimentação técnica, para posicionar o A330 no local mais adequado para a execução de um serviço de reparo de qualidade.

Após a chegada no Aeroporto de Viracopos, o canal “Juupraduu VCP” no YouTube registrou o PR-AIZ sendo recolhido ao interior do grande hangar de manutenção da Azul em Campinas. Veja no player a seguir a gravação e, logo abaixo do vídeo (ou clicando aqui) você pode revisitar a matéria que mostra em imagens todos os detalhes deste centro de manutenção, reparo e revisões (MRO) da companhia.

Outra situação semelhante foi registrada na semana anterior, quando um Airbus A320 da Itapemirim também foi transladado de um aeroporto para outro após ter sido danificado por um veículo em solo. Você pode rever os detalhes clicando aqui ou no título a seguir:

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Murilo Basseto
Murilo Bassetohttp://aeroin.net
Formado em Engenharia Mecânica e com Pós-Graduação em Engenharia de Manutenção Aeronáutica, possui mais de 6 anos de experiência na área controle técnico de manutenção aeronáutica.

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