Há 11 anos, um Airbus A320 pousava no Rio Hudson com motores apagados

Quando o voo 1549 da US Airways decolou do aeroporto LaGuardia, em Nova York, em 15 de janeiro de 2009, o piloto, comandante Chesley Burnett Sullenberger III, comentou: “Que visão do Hudson hoje”. Mal sabia Sullenberger ou o primeiro-oficial Jeffrey Skiles que logo estariam mais próximos do rio Hudson do que poderiam imaginar.

US Airways A320 Rio Hudson
Imagem: nydailynews.com

Menos de um minuto depois de admirar o Hudson, e após os pilotos cumprirem a lista de verificação de itens pós-decolagem, Sullenberger alertou: “Pássaros”, seguido de um “Whoa!” de Skiles.

No mesmo instante, um baque e um estrondo foram ouvidos, e Skiles disse “oh (palavrão)”, seguido de um “Oh yeah” de Sullenberg.

Imediatamente são ouvidos sons que parecem dos motores perdendo potência. “Nós temos um ….. os dois perdendo potência”, comenta o comandante com seu parceiro.

Três segundos depois, os pilotos tentam procedimentos de reacionamento dos motores e, sem sucesso no procedimento, 14 segundos depois Sullenberger declara na frequência de controle:

“Mayday mayday mayday. Uh, este é, uh ….. o Cactus quize trinta e nove (referindo-se de forma errada ao número 1549 do voo), atingiu pássaros, perdemos a potência nos dois motores, estamos virando de volta para LaGuardia.”

Dois minutos depois, após diversos contatos com o controle de voo e diversas ações no cockpit buscando restabelecer potência nos motores e definir onde seria possível chegar para o pouso, o controlador questiona “Em qual pista você gostaria de pousar em Teterboro?”, fazendo referência a outro aeroporto próximo.

“Vai ser no Hudson”, responde Sullenberg, seguido de uma resposta sem pleno entendimento do controlador: “Desculpe, diga novamente Cactus.”

Após 20 segundos sem resposta dos pilotos, que se ocupavam com a tensa situação, o controlador retorna: “Cactus quinze quarenta e nove, o contato de radar foi perdido, você também tem o aeroporto de Newark na sua posição de duas horas a cerca de sete milhas.”

E logo na sequência o controlador recebe uma resposta de outra aeronave que estava na mesma frequência: “Acho que ele disse que está indo para o Hudson”.

Cerca de 30 segundos depois, o Airbus 320 que seguia para o Aeroporto Charlotte Douglas estava no rio Hudson.

Sullenberger, Skiles e a tripulação de voo evacuaram todos os 150 passageiros antes que o avião afundasse. Sullenberger ainda verificou o interior duas vezes antes de se evacuar, para ter certeza que não restava ninguém a bordo.

Barcos próximos, incluindo duas balsas, ajudaram a resgatar passageiros. Bombeiros, policiais, barcos e mergulhadores responderam ao chamado de emergência. Alguns passageiros sofreram ferimentos graves, mas a maioria foi tratada com pequenos problemas.

Sullenberger e o resto da equipe receberam vários prêmios e elogios por seu feito, e o impressionante evento de 2016 foi o tema do filme “Sully”, estrelado por Tom Hanks e dirigido por Clint Eastwood.

O avião foi içado para fora do rio, e estava no Museu de Aviação Carolinas no Aeroporto Internacional de Charlotte Douglas até recentemente. Porém, segundo o New York Post, o avião foi colocado em armazenamento enquanto o museu procura um novo lar. O aeroporto precisava do espaço.

A320 US Airways Rio Hudson Museu Carolinas
O Airbus A320 no museu Carolinas

Os funcionários do museu esperam encontrar um local e reabrir até 2022. Sullenberger se aposentou em março de 2010.

Murilo Basseto
Murilo Bassetohttp://aeroin.net
Formado em Engenharia Mecânica e com Pós-Graduação em Engenharia de Manutenção Aeronáutica, possui mais de 6 anos de experiência na área controle técnico de manutenção aeronáutica.

Veja outras histórias