Homem que se despachou como carga e viajou de avião numa caixa quer fazer um filme

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Foto de Ahmed Muntasir via Pexels.com

No ano de 1965, quando tinha apenas 20 anos de idade, Brian Robson decidiu embarcar da Austrália para Londres como carga, com a conivência e ajuda de dois amigos. Sua experiência foi quase bem sucedida, já que ele chegou ao destino esperado, após muito perrengue. Agora, ele está contando a história em um livro e quer fazer um documentário.

A ideia de se despachar como carga surgiu quando ele estava trabalhando para uma ferrovia em Melbourne, na Austrália, mas queria voltar para casa no Reino Unido. Sem grana e com as viagens muito caras naquela época, ele tentava voltar de uma maneira ousada. Primeiro, se escondeu em um barco, mas foi descoberto e passou quase 3 meses na prisão. Isso, entretanto, não o faria desistir e seu próximo plano beirou o desespero.

A caixa

Ele comprou uma caixa que media mais ou menos 90 centímetros de cada lado, o suficiente apenas para se sentar com os joelhos pressionados contra o peito. Depois, ele pagou para enviar a encomenda de Melbourne para Londres via Sydney. No formulário da remessa, ele dizia que era um mainframe (computador). Isso permitiu que ele etiquetasse a carga como frágil e valiosa para que “as pessoas prestassem atenção às etiquetas que diziam “Este lado para cima'”.

Foto: AP

Os amigos então o prenderam dentro do compartimento, junto com apenas uma garrafa de água, uma lanterna, um livro de canções dos Beatles, além de uma pequena mala, um travesseiro e um martelo. Havia também uma garrafa vazia para ele fazer as necessidades.

As coisas, no entanto, não saíram como planejado. Uma forte dor o atingiu após apenas duas horas na mesma posição. Além disso, no trajeto ele ficou de cabeça para baixo por 23 horas e, em vez de ir para Londres, acabou em Los Angeles por um extravio da carga.

Seu testemunho é aterrador. Ele diz que passou frio e calor muitas vezes, perdeu a consciência, teve pesadelos e delírios. Quando tentou abrir a caixa com o martelo, que levou para emergências, não teve forças para estourar as paredes do compartimento. Após três dias de viagem, ele ouviu alguém falando sobre a luz de sua lanterna, que emanava da suposta caixa do computador, e foi então descoberto.

Em péssimas condições, ele não conseguir sair sozinho da caixa, foi então ajudado e levado a um hospital de Los Angeles, onde ficou alguns dias, até se recuperar. Ele deu sorte de haver sobrevivido.

Foto: Arquivo Pessoal

Por ter um passaporte britânico válido, ele não sofreu nenhuma penalidade nos Estados Unidos, mas sua história ficou rapidamente conhecida na imprensa. Foi então que a Pan Am o levou a Londres de graça.

Segundo o The New York Times, hoje, aos 76 anos, Robson rastreou os amigos que trabalhavam na ferrovia em Melbourne com ele e que o ajudaram a realizar a façanha. Agora, ele quer que sua história fique eternizada em seu livro, mas, acima de tudo, em seu projeto de filme.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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