IATA vê fim das passagens aéreas baratas com distanciamento social em aviões

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Segundo Alexandre de Juniac, diretor-geral da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA), as companhias aéreas terão que aumentar os preços em 50% ou falir, se regras de distanciamento social relacionadas com a Covid-19 forem aplicadas.

Aviões da BA parados na França

A IATA passou a ver com preocupação o fato de mais e mais empresas aéreas e governos estarem aderindo ao distanciamento social a bordo dos aviões e acionou um alerta de que isso pode decretar o fim das passagens aéreas baratas.

Somente na última semana, Emirates, Qantas, Virgin Atlantic e easyJet anunciaram que operarão voos com os assentos do meio vazios, como forma de garantir mais segurança aos passageiros, enquanto que, das grandes, apenas a Ryanair se pronunciou contrária à medida.

O fato é que nem as empresas sabem como agir ainda, já que quem vai ditar os próximos passos do mercado são os passageiros. Pesquisas recentes mostram que as pessoas pretendem postergar seus planos de viagem em pelo menos seis meses depois que a pandemia passar, mas as empresas aéreas, que já têm seus caixas deteriorados, não podem esperar mais tanto tempo.

Então, o dilema está posto. Num primeiro momento, é provável que apenas com distanciamento social a bordo muitos dos passageiros sentirão conforto em voar em aviões novamente e essa pode ser a estratégia para atrair mais pessoas. No entanto, com o passar do tempo, isso se tornará inviável nos níveis atuais de preço e obrigará as empresas a aumentarem suas tarifas.

Alexandre de Juniac, diretor geral da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata), foi além. Vendo que vários governos já flertam com a possibilidade de tornar obrigatório o distanciamento social, ele se pronunciou em tom de alerta. Se a medida virar regra, pelo menos um terço dos assentos permaneceriam vazios e as companhias aéreas teriam que aumentar seus preços de passagem em menos 50% ou falir.

“Ou você voa pelo mesmo preço de antes e perde uma quantia enorme de dinheiro, ou você aumenta os preços em pelo menos 50% e pode voar com um lucro mínimo. Então, isso significa que, se o distanciamento social for imposto, as viagens baratas acabarão”, disse.

A IATA disse que o tráfego aéreo doméstico caiu 70% em todo o mundo desde o início de janeiro por causa da pandemia e alertou que qualquer recuperação global provavelmente será lenta. Embora as rotas domésticas se abram mais cedo do que o longo curso, a fraca confiança do consumidor em meio aos temores da recessão prejudicará uma rápida recuperação, disse Brian Pearce, economista-chefe da IATA.

A China pode ser usada como exemplo disso. Após ter apresentado uma recuperação quando os picos da epidemia local passaram, o número de voos ainda está num nível 50% inferior ao de antes. E não há previsão para retomada. O órgão de aviação espera que as receitas globais de passageiros para 2020 mais da metade do ano passado, uma perda de US $ 314 bilhões.

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Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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