Investigação aponta que piloto de Kobe se desorientou em nuvem e fez más decisões

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A NTSB, órgão responsável por investigar acidentes aéreos nos EUA, divulgou hoje (9) o relatório da queda do helicóptero de Kobe Bryant, astro da NBA, em 2020.

O jogador de basquete, que fez carreira pelo Lakers, estava voando na grande Los Angeles junto de sua filha, Gianna, e seis passageiros, além do piloto, Ara Zobayan. Em coletiva para jornalistas hoje, o vice-presidente da NTSB, Bruce Landsberg, afirmou: “usamos o termo batida/queda (crash) ao invés de acidente. Um acidente é algo nunca visto antes, sem prevenção, e infelizmente não foi este o caso”.

O caso aconteceu em 26 de janeiro de 2020, com o helicóptero Sikorsky S-76B de matrícula N72EX, de propriedade de Kobe Bryant. Ele decolou do Aeroporto John Wayne, no condado de Orange (próximo da Disneylândia), para Calabasas, cidade ao norte do condado de Los Angeles, a oeste de Hollywood.

Em torno de dois minutos antes da queda, enquanto mantinha 450 pés (137 metros) de altura, o piloto informou ao controle de voo que estava iniciando uma subida para que o helicóptero ficasse acima das nuvens, e começou também uma curva à esquerda enquanto atingia uma razão de subida de 1.500 pés por minuto.

A aeronave chegou a atingir 2.400 pés de altitude (487 metros) e começou a descer rapidamente em seguida, virando para a esquerda novamente, como mostra o gráfico abaixo de autoria da NTSB e Google:

Uma testemunha confirmou os dados obtidos pela NTSB através dos equipamentos da aeronave e afirmou que viu o helicóptero sair da camada de nuvens com uma curva à esquerda e dois segundos depois acabou batendo na montanha.

O que provavelmente ocorreu é que o piloto se desorientou ao entrar na nuvem, por perder a noção de horizonte e atitude da aeronave, com a confusão dos sentidos, ocorre a desorientação espacial, com o piloto corrigindo o helicóptero sem necessidade ou excessivamente.

A NTSB afirma que os fatores contribuintes foram a pressão induzida pelo próprio piloto para fazer um voo em condições não ideais, mas que foi feito porque levava uma pessoa importante a bordo. Logo após o acidente, diversas mídias publicaram que tanto o piloto, quanto o helicóptero S-76, não tinham certificação IFR, que é mandatória para voos por instrumentos.

Com apenas a habilitação VFR, que permite voos visuais, o piloto não pode perder contato visual com o chão (existe uma exceção para voos em cruzeiro nos EUA, mas não é aplicável ao caso). No caso, a aeronave segundo a Island Express, operadora do helicóptero, tinha os equipamentos para fazer o voo por instrumento, mas não era certificada para tal.

Caso o piloto e o helicóptero fossem certificados IFR, poderiam optar por uma rota segura (aerovia, por exemplo) para voar sem riscos de colisão.

“Infelizmente, continuamos a ver estas mesmas influências de más decisões com pilotos experientes que se acidentam. Se o piloto não tivesse se submetido às pressões que ele se colocou para continuar o voo em condições meteorológicas adversas, este acidente provavelmente não teria ocorrido”, conclui Robert.

Dentre as recomendações emitidas para a Island Express, para todas as grandes fabricantes de helicópteros e para a FAA, agência federal de aviação, estão a propagação das medidas de segurança, além de foco na implantação de sistemas de gestão de segurança, como o SGSO.

Um abstrato do relatório final está disponível aqui, e nos próximos dias a NTSB irá disponibilizar a versão completa, com mais dados sobre a aeronave e o piloto.

Carlos Martins
Carlos Martins
Fascinado por aviões desde 1999, se formou em Aeronáutica estudando na Cal State Long Beach e Western Michigan University. #GoBroncos #GoBeach #2A

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