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Um Iphone esmagado quase colocou fogo em um Boeing 787 a 12 km de altitude

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Foi divulgado ontem, dia 19 de abril, um boletim sobre a investigação do incidente envolvendo um celular Iphone em um voo da British Airways. Na ocorrência, o aparelho quase colocou fogo a bordo de um 787 em pleno voo.

Boeing 787-900 Dreamliner British Airways
Imagem: Aero Icarus / CC BY-NC-SA 2.0, via Flickr

A perigosa ocorrência aconteceu no dia 1º de outubro de 2020, quando o Boeing 787-9 registrado sob a matrícula G-ZBKF, operado pela empresa aérea British Airways, estava realizando um serviço de Miami para Londres. O voo de número BA-206 com 53 passageiros e 10 tripulantes transcorreu normalmente até próximo à fase final da jornada.

Ainda em voo de cruzeiro, a 41.000 pés (12,5 km) de altitude e já se aproximando do início da descida, os comissários de bordo avistaram uma fumaça saindo de um dos assentos dos passageiros, possivelmente da primeira classe ou da executiva. Em uma rápida averiguação, foi constatado que um celular havia caído no interior do assento e sido esmagado pelo mecanismo de movimento do assento, gerando assim um princípio de incêndio.

Os comissários rapidamente controlaram as chamas utilizando um extintor do tipo BCF, específico para a categoria de incêndio ocorrido. O celular teve perda total e, apesar do ocorrido, a aeronave não sofreu nenhum dano além do próprio assento. O voo continuou para Londres, onde realizou o pouso normalmente, sem mais nenhuma intercorrência.

Relatório final e recomendações de segurança

Na última segunda-feira, dia 19 de abril, a Agência de Investigação de Acidentes Aéreos do Reino Unido (AAIB) emitiu um boletim sobre o incidente a bordo do Boeing 787-9.

De acordo com a publicação, aproximadamente 40 minutos antes do pouso, um passageiro acordou com o anúncio de proximidade do fim do voo, feito pela tripulação, colocou seu assento na posição vertical e foi usar o banheiro. Enquanto isso, uma comissária de bordo perguntou se poderia retirar a roupa de cama do assento. A tripulante avistou então um cabo de carregamento, que estava conectado na tomada do assento, com a outra extremidade no vão da poltrona. Ao mesmo tempo, um cheiro descrito como de enxofre foi detectado.

O cheiro foi ficando mais forte e a comissária chamou a atenção da comissária sênior do voo, que ao chegar ao assento ouviu um som de “crepitação” e uma grande quantidade de fumaça cinza emitida do assento em um movimento de “tornado”. Elas ainda relatam que se lembravam de ter visto um brilho laranja na área do assento em meio à fumaça.

Um extintor de Bromoclorodifluormetano (BCF) e luvas de incêndio foram entregues para a comissária sênior, que pediu para um terceiro membro da tripulação que desligasse o sistema elétrico do assento. A comissária puxou então o forro do assento, expondo o dispositivo, que estava pegando fogo, preso no mecanismo da poltrona e descarregou vários jatos de BCF sobre ele.

A tripulação informou ao comandante que uma densa fumaça estava saindo de um assento na cabine dianteira e que eles haviam iniciado o exercício de combate a incêndios. Os pilotos então iniciaram a lista de verificação de fumaça ou incêndio bordo, avaliando suas opções de desvio.

Depois que o incêndio foi controlado e a fumaça dissipada, a tripulação conseguiu visualizar claramente um telefone celular de cor vermelha preso no mecanismo do assento. A tripulação tentou remover o dispositivo, mas o mesmo estava emperrado.

Como o voo estava apenas 20 minutos de seu destino, e o incêndio com fumaça já havia sido extinto, os pilotos optaram por seguir para o seu pouso normalmente, no Aeroporto de Heathrow, em Londres. Uma chamada “PAN PAN” foi emitida pelo rádio ao Controle de Tráfego Aéreo para garantir que o serviço de bombeiros encontrasse a aeronave no pouso.

Após o pouso seguro, o corpo de bombeiros embarcou na aeronave e removeu o celular do assento.

Iphone que causou o incêndio a bordo – Imagem: Agência de Investigação de Acidentes Aéreos do Reino Unido (AAIB),

Conforme o boletim da AAIB, a British Aiways faz anúncios aos passageiros em todos os voos com poltronas movidas a eletricidade, para que eles tentem evitar que os dispositivos eletrônicos portáteis se percam nos assentos, conforme recomendação da Agência Europeia para a Segurança da Aviação (EASA).

Houve vários relatos de eventos semelhantes que levaram a fumaça na cabine. Atualmente, não há requisitos de projeto de assento para que o mesmo não permita que dispositivos eletrônicos fiquem presos em seu interior. Fabricantes e reguladores estão cientes desse problema, porém, há dificuldades em encontrar uma solução viável.

Por fim, como recomendação de segurança, a AAIB aconselha que a Autoridade de Aviação Civil exija que os assentos de passageiros em aeronaves de transporte aéreo comercial passem a ser projetados para minimizar as chances de dispositivos eletrônicos portáteis serem esmagados em mecanismos.

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