A Organização de Aviação Civil do Irã (CAO) emitiu um documento contendo o relatório inicial sobre o acidente com o Boeing 737-800 da Ukraine International Airlines.
O mundo permaneceu atento no dia de ontem, enquanto acompanhava o desenrolar da crise no Oriente Médio, amplificada pela queda de um Boeing 737 da Ukiraine International Airlines que vitimou 176 pessoas. No entanto, os analistas de todo mundo e, inclusive, a companhia aérea dona do avião sinistrado, se mostravam céticos quanto às causas do acidente com a aeronave de apenas três anos e pilotos experientes.
Em meio a muita desconfiança e numa tentativa de demonstrar transparência, a Organização da Aviação Civil do Irã emitiu um relatório inicial bastante sóbrio, com alguns detalhes iniciais sobre sua análise da tragédia.
É claro que trata-se de um documento de alto-nível e que não contém muitas informações novas, mas chama atenção ao fato do país estar buscando demonstrar trasparência ao informar que convidará técnicos de outros países para participar das investigações, além de ter notificado os Estados Unidos.
O que disse a autoridade iraniana?
Apesar da TV estatal se apressar em anunciar que tratava-se de falha mecânica, a autoridade da aviação civil local foi bem mais comedida e disse que ainda não há indicações firmes sobre as circunstâncias do evento de 8 de janeiro, ou se pode ter sido o resultado de ação hostil ou sabotagem.
“Nenhuma transmissão de rádio do piloto foi recebida que pudesse reportar alguma circunstância incomum”, diz o chefe da Organização de Aviação Civil, Ali Abedzadeh.
A autoridade iraniana comentou também que os gravadores de dados de voo e de voz da cabine foram recuperados dos destroços do jato depois que ele caiu pouco depois da decolagem do aeroporto de Teerã, Imam Khomeini. Ambos os gravadores apresentam sinais de danos físicos, mas isso não deve ser impedimento para as investigações.
A trajetória da aeronave foi inicialmente para o oeste, diz ele, mas o jato começou a virar à direita quando o problema surgiu e parecia estar voltando para o aeroporto. Abedzadeh diz que informações preliminares – de testemunhas oculares em terra e tripulações em altitude – indicam que a aeronave estava em chamas, antes de seu impacto no terreno e subsequente explosão. O impacto inicial no solo foi nas proximidades de um parque de diversões, diz ele.
Técnicos da Ucrânia e dos EUA foram notificados junto com os governos da Suécia e do Canadá. A Ucrânia foi formalmente convidada a participar da investigação do acidente. Não está claro se os Estados Unidos também serão chamados para o processo investigativo ou se serão apenas mantidos informados.
O que diz o relatório?
Traduzido do persa, o relatório (link no fim do texto) diz basicamente o seguinte:
- Após a decolagem, o voo foi autorizado a subir e instruído a contatar o controle de Mehrabad
- O contato radar foi perdido a 8.000 pés
- A queda aconteceu às 6h18
- O impacto ocorreu em um parque e o avião se desintegrou
- Uma testemunha ocular no solo e a tripulação de outra aeronave reportaram fogo no avião antes da queda
- A direção do impacto no solo indica que o avião estava retornando ao aeroporto
- As caixas-pretas (CVR e FDR) foram encontradas danificadas pelo impacto e pelo fogo
- A Organização da Aviação Civil do Irã enviou uma notificação formal conforme requerido pelo Anexo 13 da ICAO
- De acordo com o Anexo 13, a CAO convidou autoridades da Ucrânia para participar das investigações, junto com notificações aos EUA, Suécia e Canadá
- Um grupo de trabalho especial com foco em explosivos participará da investigação
Embora o documento esteja na língua local, ele está acessível nesse link da Autoridade de Aviação Civil Iraniana – arquivo em PDF.
