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JetSmart não está conseguindo devolver os aviões da Norwegian Argentina

No começo de dezembro de 2019, a JetSmart comprou as operações da Norwegian Air Argentina, como resultado da crise econômica pela qual passa o país vizinho. Agora, chegou a hora de trocar os aviões da Norwegian por próprios, mas parece que o Governo não quer deixar.

A JetSmart teve que negociar com a Norwegian a prorrogação por alguns dias do aluguel de um Boeing 737-800 cuja cauda é pintada com a face do músico Astor Piazzolla. Foi uma medida emergencial para evitar que centenas de passageiros no Aeroparque perdessem sua viagem. Em teoria, o avião em questão deveria ter decolado de Buenos Aires rumo à Noruega na noite de ontem, mas isso não aconteceu.

A subsidiária argentina da Norwegian foi comprada de dezembro, a poucos dias da troca de governo na Argentina, por outra companhia aérea de baixo custo, a JetSmart, cujo gerente geral, Gonzalo Pérez Corral, disse ao Clarín que o contrato de compra foi aprovado pelo governo anterior.

Esse acordo incluía um detalhe básico: a JetSmart teria que retornar à empresa-mãe da Norwegian os três aviões que a filial argentina possuía, para substituí-los gradualmente por seus próprios aviões. Esse processo é completamente normal e, dessa forma, os passageiros que haviam comprado passagens da Norwegian na Argentina começariam a voar em aviões JetSmart com o tempo.

Essa primeira substituição de aeronaves deveria ter acontecido nesta quarta-feira, 4 de março. Mas isso não aconteceu. Ao contrário, o avião continua voando pela argentina, nas rotas da Norwegian.

Burocracias inúteis

Sucedeu que as novas autoridades da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) da Argentina ainda não aceitaram esse acordo e argumentam que a troca de aviões é, por enquanto, apenas um acordo entre empresas privadas que não possuem autorização oficial e estão exigindo que a JetSmart apresente uma série de certificações adicionais para autorizar suas aeronaves Airbus A320 a operar no Aeroparque, em Buenos Aires.

A ANAC emitiu uma declaração da seguinte maneira: “O Certificado de Operador de Serviços Aéreos, concedido pela ANAC às empresas que exploram comercialmente o transporte aéreo deve ser alterado, pois este documento contém as características das operações que podem ser realizadas. Fazer a compra de uma empresa não significa que as autorizações da outra empresa sejam transferidas para você. O Certificado de Operador deve ser alterado para poder operar”, reiteraram.

Parece uma burocracia sem fundamento, no entanto, fontes do governo disseram ao Clarín que o buraco é mais embaixo e, seguindo as novas diretrizes do governo de esquerda que assumiu o país no final do ano passado, a ANAC estaria reavaliando a viabilidade de autorizar a fusão de empresas vis-à-vis o interesse público em tal ação.

Diante dessa situação, a JetSmart optou por trabalhar com a única ferramenta que tem hoje, ou seja, continuar usando aeronaves da Norwegian. Enquanto isso, a empresa segue em seu intento de convencer a ANAC local e usar seus próprios aviões.

Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.
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