Kalitta pode ficar sem operar em Amsterdã após 15 anos, por má pontualidade

Boeing 747 Kalitta Wim Bladt
Foto de Wim Bladt [CC BY-SA 3.0]

A Kalitta Air, tradicional empresa cargueira norte-americana, disse que enfrenta o fim iminente de suas operações no Aeroporto Internacional de Schiphol, em Amsterdã e pediu ao Departamento de Transportes dos EUA que ordene à Air France-KLM , Delta Air Lines e Virgin Atlantic que disponibilizem mais slots no aeroporto a outras transportadoras, antes que possam obter imunidade antitruste total para suas joint ventures.

Assim, a Kalitta Air procura assistência do DOT, que reconheceu que a joint venture combinada da Air France-KLM, Delta e Virgin Atlantic levará a sérias preocupações de concorrência quanto ao acesso a Amsterdã. As três partes, juntamente com os seus parceiros Skyteam, terão até 61% de todos os slots no aeroporto.

Atualmente, a Kalitta Air opera duas vezes por semana um voo de ida de Amsterdã a Nova Iorque usando o B747-400F. A companhia aérea está envolvida em uma longa disputa com as autoridades holandesas depois de perder seus slots devido à baixa pontualidade. A Kalitta Air argumentou que não tinha controle sobre os atrasos, já que suas operações de Amsterdã para NY dependiam do tempo dos voos operados para o Departamento de Defesa dos Estados Unidos em rotas dos EUA para o Oriente Médio. Sublinhou que operava todos os voos, embora nem sempre dentro do horário.

Kalitta Cargo

A companhia aérea acrescentou que a adoção da chamada “Regra Local” no aeroporto de Amsterdã em agosto, não facilitou o acesso aos slots. Pela regra, 25% dos slots destinados a voos de passageiros e não utilizados, seriam alocados a empresas cargueiras de voos regulares. Como a competição em Schiphol é grande, há uma lista de espera e a Kalitta deve ir para o fim dela após ter perdido seus horários de pouso e decolagem.

Por razões ambientais, o hub holandês é limitado a 500.000 movimentos de pouso e decolagem por ano. Em 2018, o aeroporto registrou 499.500 movimentos.

Raio de esperança

Pode haver um raio de esperança para a Kalitta, já que um documento revelado na semana passada mostrou que a Comissão Europeia estuda aprovar o uso do Aeroporto de Lelystad – a 67km de Amsterdã – para voos charter, um movimento que poderia aliviar Schiphol de algumas operações, e limpar o caminho novos movimentos cargueiros em Schiphol.

No entanto, Lelystad enfrenta oposição de grupos de lobby locais, contrários à poluição e ao aumento de operações no aeroporto.

Aeroporto Lelystad

Fundada em 1967 e atualmente com um total de 35 aeronaves cargueiras, dentre elas Boeing 747-400F, Boeing 767-300F e Boeing 777-200F, a Kalitta é uma das maiores empresas especializadas em carga no mundo. Além desse negócio, a empresa também tem força em manutenção aeronáutica e serviço de transporte aéreo executivo.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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