Boeing 747-400 de passageiros ganha sobrevida na KLM, mas não levando gente

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Você acompanhou conosco quando a KLM anunciou que aposentaria seus Jumbos de passageiros, no final de março. Naquele momento, parecia tratar-se do fim da gloriosa “Rainha dos Céus”, forma como o Boeing 747 é conhecido mundialmente, na tradicional cor azul da empresa holandesa. Mas, ao que parece, a KLM deve manter o clássico em serviço por mais um tempo.

Avião Boeing 747-400

Embora já estivesse nos planos da KLM aposentar o Boeing 747 de passageiros, isso não era para ter acontecido agora e nem de maneira abrupta. Na verdade, a empresa deveria, inclusive, retirar a aeronave da frota com celebrações e festas. Mas não foi assim que quis o destino.

Contrariando os planos da empresa mais antiga do mundo, a crise causada pela pandemia, com a subsequente queda na demanda por viagens, obrigou a empresa holandesa a antecipar a retirada do clássico Jumbo, uma aeronave que sempre foi muito bem empregada em voos intercontinentais de passageiros da KLM, tendo, inclusive, voado ao Brasil na década de 1990.

Em seguida à decisão, as seis últimas aeronaves foram levadas para áreas de estacionamento do aeroporto de Amsterdã, algumas delas já sem as inscrições KLM na fuselagem. Era um triste final antecipado.

Um telefonema muda tudo

Segundo o Luchtvaartnieuws, quando tudo parecia perdido, um telefonema do chefe da Philips, Frans van Houten, para o executivo-chefe da KLM, Pieter Elbers, mudou o destino da aeronave. Em um fim de semana, um plano conjunto foi feito e alguns dias depois o primeiro 747 Combi partiu para a China a fim de buscar carga médica.

O acordo com a grande indústria de eletrônicos resultou na volta à ativa, em meados de abril, dos três Boeings 747-400 Combi, um modelo que tem configuração combinada para o transporte de passageiros e de carga na seção traseira da cabine. Desde então, eles têm sido usados diariamente em voos de carga para coletar bens como equipamentos médicos, máscaras e roupas de proteção, que ajudam no combate ao coronavírus.

O acordo acabou, mas o jumbo continua voando

Inicialmente, o acordo era válido por até oito semanas e já expirou, mas os Boeings 747 continuam voando e, agora, a KLM não descarta a necessidade de que assim continuem por mais tempo. A bem da verdade, eles já deixaram de voar apenas para a China e têm realizado operações para diversos outros lugares do mundo, como parte da operação da KLM Cargo, o que é muito interessante.

De acordo com o executivo-chefe da KLM, não há apenas uma demanda por capacidade de carga para transportar dispositivos médicos, mas outras empresas de logística também estão enfrentando uma escassez de transporte aéreo e recorrendo aos jumbos holandeses.

No entanto, embora os três Boeing 747-400 sejam Combi e possuam um grande espaço para passageiros, a chance dele transportar pessoas novamente é zero. E o mesmo acontece com os outros 747-400 não-Combi, que estão com status de armazenados definitivamente até que encontrem um novo destino, que pode ser uma outra empresa, uma conversão para cargueiro ou o ferro-velho.

No final, o mesmo coronavírus que tirou o 747 de combate, o colocou de volta nos céus, pelo menos por um tempo.

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Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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