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Na primeira assembléia de acionistas da Latam Airlines com Roberto Alvo como executivo-chefe, os impactos da covid-19 e seu efeito sobre a operação das empresas do grupo foram as questões-chave trazidas pelos participantes.
Roberto Alvo reconheceu aos acionistas que prevê uma recuperação mais longa e lenta do que o esperado, e que a empresa deve ter uma operação de 50% a 70% menor do que tinha em dezembro, no curto prazo, com recuperação gradativa ao longo do próximo ano.
Conforme a matéria do El Dínamo, cinco prioridades de curto prazo foram definidas na empresa: maximizar a liquidez do grupo; transformar profundamente o sistema operacional; adaptar recursos ao tamanho futuro; fortalecer laços com clientes, funcionários e sociedade civil; além de investir em projetos importantes e seletos nos próximos anos.
“Fomos obrigados a reagir rapidamente para preservar nossa situação financeira e cuidar da liquidez. É por isso que planejamos transformar profundamente o grupo e parece imperativo tirar proveito desse período de hibernação antes da ativação do setor”.
Roberto Alvo
Investimentos e Dividendos
Desde o início da crise do novo coronavírus, a Latam adiou US$ 900 milhões em investimentos previstos para este ano, disse Alvo. Na sua opinião, a Latam tinha uma boa posição de caixa no início da crise. Em dezembro, havia US$ 1,5 bilhão em dinheiro e uma linha de crédito de US$ 600 milhões comprometida até 2022, totalmente disponível.
“Nas últimas semanas, rotacionamos toda a linha de crédito e estamos envidando esforços para manter a liquidez. Em 31 de março de 2020, o caixa da Latam era de US$ 1,7 bi e, no final de abril, passaria para US$ 1,3 bilhões. Portanto, estamos focados na redução de custos e na reorientação do investimento”, afirmou.
Quanto aos custos fixos, Alvo destacou a negociação com os trabalhadores, que concordaram em reduzir seu salário em 50%; os pagamentos com fornecedores foram adiados, além de adiar seis dos onze aviões comprometidos para este ano.
Quando questionado sobre a distribuição de dividendos, a ideia do conselho de administração de diferir o pagamento de um dividendo mínimo (por lei, deve ser 30% do lucro líquido de cada exercício) não prosperou por que não houve voto unânime dos acionistas. Portanto, a companhia aérea distribuirá cerca de US$ 57 milhões.
Crédito no Brasil
A Latam precisa adicionar recursos para enfrentar a situação e seus executivos têm conversado com os governos do Brasil, Chile e Colômbia para obter empréstimos com apoio do Estado.
“Nas condições atuais, nenhuma companhia aérea sobreviverá por mais de alguns meses sem ajuda”
Roberto Alvo
No caso do Brasil, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes) anunciou que terá empréstimos conversíveis em ações para a Latam, Gol e Azul, por um total de US$ 10 bilhões. No entanto, a companhia aérea não concordou com a posição original.
“A proposta inicial do BNDES era difícil nos termos da lei chilena, porque se tratava de um empréstimo de cinco anos com opção de troca por ações. Lembre-se de que as ações no Chile são emitidas e duram apenas três anos. Não estamos colocando uma oposição à regra, mas deve-se respeitar o que é legalmente viável. Estamos nessas conversas e muito focadas nela. Estamos analisando outras alternativas além dos governos”, afirmou o CEO.
Quanto ao valor que pretendem levantar, Alvo disse que era um número confidencial.
E no restante da América Latina
Na conferência, Ignacio Cueto destacou a posição estratégica da companhia aérea e agradeceu aos funcionários e executivos por seu papel na crise global da saúde. Para ele, o papel da companhia aérea é tão relevante que ele a definiu como “uma importante alavanca para o desenvolvimento” na região. Ao todo, 43 mil pessoas trabalham na companhia aérea. Na operação, destacou que são contratados produtos e serviços no valor de US$ 9 bilhões por ano de mais de 15 mil empresas fornecedoras.
Em geral, 70% desses recursos são contratados para empresas na América do Sul e no Chile, 50% das empresas fornecedoras são PME, cujos serviços são contratados por US$ 328 milhões por ano, gerando 84 mil empregos indiretos apenas neste segmento. “Esse número não inclui empregos gerados pelo turismo ou por serviços como transporte terrestre”, enfatizou.
Em menos de dois meses, a Latam passou de 1.500 voos diários para menos de 70. “Acho que esse número explica a magnitude da crise”, disse Cueto. “No final, teremos uma indústria e uma empresa diferentes.
“Teremos que ajustar o tamanho do nosso grupo e a maneira como ele opera, respondendo a um cenário radicalmente diferente e incerto”, concluiu.
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