Low-cost jamaicana que diz que vai dominar o Caribe com um A380; mas há um problema

Uma empresa doméstica e regional parece estar brotando na Jamaica com o objetivo de transformar o mercado do Caribe. Disposta a reverter o histórico da aviação jamaicana, a Oriole diz que vem com tudo e suas primeiras peças promocionais mostram logo um Airbus A380. Só há um problema, nenhum aeroporto da Jamaica está apto a receber o gigante.

Segundo o Jamaica Observer, a escassez de companhias aéreas de propriedade e operação indígenas no país foi um dos motivos usados ​​para apoiar o lançamento da Oriole Limited, um empreendimento aéreo jamaicano que, segundo as operadoras, transformará e reviverá o espaço aéreo doméstico e do Caribe.

Segundo seus operadores, a empresa será uma transportadora doméstica e regional de baixo custo que deve começar a voar no próximo ano, utilizando um modelo de negócios sustentável que será acessível, ecológico e uma potência de aviação regional – a Copa que se cuide.

Falando em um evento de lançamento, 377 dias antes do início das operações, Aloun Ndombet-Assamba, presidente da Oriole – um consórcio jamaicano e europeu, disse que a companhia será um negócio integrado em uma visão estratégica ousada.

Ousadia

“Eu sabia desde quando era ministro do Turismo que a Jamaica era um cemitério para as companhias aéreas. Provavelmente nos lembramos da Trans-Jamaican Airlines, Jamaica Air Shuttle, Air Jamaica Express, Air Jamaica e, mais recentemente, Fly Jamaica. Todas elas vieram e se foram. Espero que, como eu, você esteja convencido de que agora é o momento de uma nova visão ousada para o setor de aviação no país. Temos uma rara oportunidade de considerar nossa própria oportunidade de investimento transformacional para a Jamaica”, disse o executivo.

Ele ressaltou que, para esta companhia aérea, haverá clareza de visão, detalhamento do plano, robustez financeira e excelência de implementação.

A equipe da Oriole, ao enfatizar sua visão, disse que o negócio visa garantir o domínio do oeste do Caribe em uma tentativa de projetar a Jamaica em um cenário global, permitir conectividade regional, proporcionar aos locais empregos de alta qualidade, impulsionar a economia e gerar moeda forte bem como permitir o acesso de negócios e turismo a toda a ilha.

Gente de peso

Keith Kerr, diretor de projeto e diretor executivo designado, experiente na indústria da aviação com anos no setor (participou da Saudia, Phillipines e Peach) também acrescentou que o plano de negócios foi conceitualizado devido à necessidade de satisfazer e abordar questões decorrentes da operação de empresas de aviação, com a esperança de proporcionar mudanças reais.

“Queremos colocar a Jamaica de volta onde estava – uma potência da aviação. Nossa visão é de que é ultrajante que um país de 2,9 milhões de pessoas dependentes de turismo, agricultura e mineração não tenha seu próprio transporte aéreo estratégico”, disse Kerr”.

Quase totalmente financiados

“Estamos quase totalmente financiados, estamos nos 80 por cento em termos de financiamento, mas ainda precisamos finalizar algumas coisas”, afirmou.

Ele revelou que, na primeira fase do projeto, que estará totalmente operacional em março do próximo ano, usando aeronaves principalmente alugadas, espera-se que eles realizem voos pela Jamaica e região com serviços entre Kingston e Montego Bay e outras ilhas como Negril, Ochio Rios, Port Antonio e Treasure Beach.

Para voos regionais, as rotas e redes serão mapeadas através de países como Barbados, Curaçao, El Salvador, Guatemala, Guiana, Panamá e Trinidad e Tobago, entre outros. Pelas rotas e a demanda histórica, parece improvável o uso de um Airbus A380.

Qual o sentido do A380

Segundo o site da empresa www.flyoriole.com/, as operações começam em 377 dias e mais algumas horas. Embora não haja qualquer menção à aeronaves ou de onde elas virão, os materiais promocionais da empresa mostram um A380.

Mapa de compatibilidade do A380 não marca a Jamaica – Fonte: Airbus

A pintura é até atrativa, mas ainda resta uma dúvida sobre a operação da aeronave. Isso por que, hoje, não há nenhum aeroporto jamaicano habilitado a receber gigante da Airbus, segundo um mapa de compatibilidade da própria fabricante.

Então, é esperar mais um ano para ver o que acontece, se realmente vinga ou se fica na promessa. De qualquer maneira, ainda são remotas as chances de ver um A380 operando para uma empresa aérea do Caribe. Será que há alguma carta na manga que não conseguimos enxergar ainda?

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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