Lufthansa para de vender os assentos das últimas fileiras de seus A320neo

A320Neo Lufthansa
Foto: Lufthansa

A transportadora de bandeira nacional alemã Lufthansa parou de vender a última fila de assentos em seus Airbus A320neos devido a preocupações com as limitações de centro de gravidade da aeronave.

Apesar de pouco usual, esta última ação da empresa ocorre depois que seus pilotos receberam um memorando interno há várias semanas, que sugeria bloquear a última fila de assentos como uma medida improvisada, seguindo uma diretiva de aeronavegabilidade da Agência Europeia de Segurança Aérea – EASA.

Após preocupações com o A321neo, relacionadas ao centro de gravidade, a EASA descobriu um problema semelhante com o A320neo. Uma série de testes revelou que o A320neo pode comandar excessivamente o profundor -superfície na parte traseira da aeronave que controla seu eixo, levantando ou abaixando o seu nariz. Sob certas condições e manobras, o compensador, o elevador e o computador do elevador e aileron (ELAC) mostraram um defeito.

Para que o problema ocorra, duas coisas devem acontecer: o A320neo deve ser configurado para pouso com um centro de gravidade próximo ao limite na parte traseira da aeronave. Em seguida, é necessária uma manobra repentina, como uma aterrissagem abortada, para fazer com que o nariz da aeronave se retire mais do que o normal em uma situação de emergência.

Normalmente, nessas condições, o sistema deveria corrigir automaticamente o ângulo de ataque para compensar, mas descobriu-se que, em algumas vezes, ele não o faz.

Enquanto isso, o piloto do A320neo pode corrigir o ângulo de rotação e reduzir a inclinação sem problemas. Em nenhum momento, no A320neo, o computador substituiu as ações do piloto. Isso contrasta diretamente com o Boeing 737 MAX e seu sistema de prevenção anti-estolagem MCAS, que inibe a intervenção de um piloto durante uma situação de inclinação excessiva.

Airbus atualizou o manual de voo do A320neo

Essa nova descoberta vem de uma anomalia semelhante à que ocorre, nas mesmas circunstâncias, no A321neo. Uma Diretiva de Aeronavegabilidade emitida pela EASA e publicada pela HMGaerospace, diz (tradução livre):

“A eficiência reduzida da proteção do A320neo sob certas condições de voo e em combinação com manobras de comando específicas da tripulação pode levar a atitudes excessivas de pitch, possivelmente aumentando as condições de carga de trabalho da cabine.

Essa condição, potencialmente insegura, embora nunca encontrada durante as operações, foi descoberta durante a análise e os testes de laboratório das leis de controle de voo do A320neo.

A Airbus entrou em contato com as companhias aéreas que voam o A320neo, entre elas a Latam e Azul, e atualizou o manual de voo da aeronave com revisões no centro de gravidade e forneceu novas recomendações de carga.

De acordo com a Aviation Week, os executivos seniores da Lufthansa dizem que o problema do centro de gravidade se refere apenas aos A320neos e A321neos que foram equipados com cabines Space Flex.

Projetada para acomodar passageiros com mobilidade reduzida a bordo de aeronaves Airbus de corredor único, o Space-Flex é uma nova instalação de galley e banheiro que tira proveito do espaço não utilizado anteriormente. A nova configuração também pode acomodar mais seis assentos.

Como a EASA não emitiu uma diretiva crítica que determinasse a parada do modelo, as companhias aéreas ainda podem voar o A320neo, mas estão tomando medidas para resolver temporariamente o problema até que a Airbus encontre uma solução. Então, se você voar em um A320neo da alemã e não conseguir reservar aquele assento do fundo, já sabe o motivo.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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