Mãe de piloto de um Boeing 737 MAX que caiu critica a liberação de voo do modelo

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A mãe de um dos pilotos que morreram em um dos acidentes do 737 MAX disse que a Administração Federal de Aviação dos EUA (FAA) e a Boeing estão trazendo o avião de volta ao serviço prematuramente, com algumas solicitações de segurança ainda não atendidas.

B737 MAX da Lion Air – Imagem: Divulgação / Boeing

Segundo reporta o American Journal of Transportation, Sangeeta Suneja, cujo filho pilotava o avião da Lion Air que mergulhou no mar em outubro de 2018, criticou a Boeing por devolver o jato aos céus antes que um terceiro sensor para medir a velocidade do ar – um pedido dos reguladores europeus – seja implementado.

A FAA e a Boeing também deveriam ter esperado até que a China, o maior mercado para o modelo, e outros reguladores ao redor do mundo dessem suas opiniões, disse Suneja, 56, que trabalha na aviação por mais de 30 anos e processou a Boeing após o acidente.

“A Boeing e a FAA estão abrindo um precedente errado para a indústria da aviação e também para a humanidade”, disse Suneja em entrevista. “Eles ainda precisam responder a muitas perguntas.”

A FAA disse na quarta-feira que o 737 MAX pode retornar com segurança ao serviço com um extenso pacote de modificações, após um hiato de 20 meses causado pelos dois acidentes fatais. Além das correções das várias falhas descobertas durante meses de análises, a Agência também exigiu novos treinamentos dos pilotos do MAX, com foco nos problemas que surgiram nos acidentes.

O filho de Suneja, Bhavye, um indiano de 31 anos com mais de 6.000 horas de voo, perdeu o controle do avião da Lion Air depois que o sistema automatizado empurrou seu nariz para baixo. Todas as 189 pessoas a bordo morreram. Em março seguinte, um 737 MAX operado pela Ethiopian Airlines colidiu pelo mesmo motivo com um campo perto de Addis Abeba, matando todas as 157 pessoas a bordo e causando a parada mundial do modelo.

Suneja também disse que a Boeing não informou como vai lidar com o impacto emocional que os dois acidentes tiveram sobre os pilotos e tripulantes. Ela sugeriu que a crise aérea causada pela pandemia do coronavírus está tornando os funcionários das companhias aéreas menos propensos a pedir apoio e fazer exigências, uma situação que ela disse beneficiar a Boeing.

“Os pilotos se tornaram politicamente fracos para levantar essas questões, dar o alarme, porque não há empregos”, disse Suneja, gerente sênior da divisão comercial da Air India, onde está há mais de três décadas. As companhias aéreas e os aviadores “têm o poder de negociação mínimo em suas mãos para falar sobre isso, e a Boeing está lucrando com isso”.

Suneja e sua família processaram a Boeing em setembro, exigindo um julgamento por homicídio culposo. Embora a Boeing tenha expulsado vários executivos desde os acidentes, Suneja disse que tais ações não vão longe o suficiente.

“Perder empregos é um castigo? Foi um crime!”, disse ela. “Pilotos e até engenheiros são presos por tantos acidentes de aviação, e os casos se estendem por vários anos. Já nos Estados Unidos, a estrutura corporativa os protege, e então eles pegam todo o dinheiro e ficam imunizados de tudo.”

Mas a mãe do piloto não está sozinha nesse protesto. Familiares de diversas vítimas também expressaram seu desconforto com a liberação dos voos do modelo:

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Murilo Basseto
Murilo Bassetohttp://aeroin.net
Formado em Engenharia Mecânica e com Pós-Graduação em Engenharia de Manutenção Aeronáutica, possui mais de 6 anos de experiência na área controle técnico de manutenção aeronáutica.

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