A maior operadora da família de aviões 737 no mundo está estendendo o cancelamento de voos de sua frota de aeronaves Boeing 737 MAX até 8 de fevereiro, dias após o sindicato de pilotos estimar que a aeronave levaria mais tempo para retornar ao serviço do que o cancelamento anterior.
A companhia aérea Southwest Airlines, baseada no Texas, tem mais de 700 aeronaves das gerações NG e MAX em sua frota, e planejava não utilizar o MAX até 5 de janeiro. Agora, além da parada de algumas aeronaves NG por conta das trincas nos pickle forks, a empresa vê mais um atraso na perspectiva de normalizar operações.
Segundo o FlightGlobal, a companhia aérea afirmou na última quinta-feira, 17 de outubro, que está monitorando os esforços da Boeing e da Administração Federal de Aviação dos EUA (FAA) para modificar o software das aeronaves MAX e desenvolver novos requisitos de treinamento.
A FAA não estabeleceu um cronograma para quando o MAX pudesse retornar ao serviço, mas a Boeing disse que a aeronave receberá aprovação regulatória antes de 2020. Entretanto, ainda não se sabe o impacto que terão as revelações de ontem na recertificação do modelo.
Equipe de testes omitiu problemas do sistema do MAX
Em novo documento disponibilizado pela Boeing à FAA, a fabricante revelou nesta semana que sua equipe de testes omitiu da agência reguladora informações sobre problemas encontrados no funcionamento do sistema MCAS em 2016, ainda durante os testes de certificação.
A agência inclusive cobrou explicações sobre a demora na apresentação do documento, já que a Boeing sabia das informações há pelo menos alguns meses.
Por enquanto, sem contar com essas novas revelações críticas, a extensão do cancelamento na frota da Southwest removerá aproximadamente 175 voos por semana nos dias de pico de cerca de 4.000 voos diários, informou a companhia aérea.
A Southwest tinha 34 unidades do 737 MAX-8 em serviço quando os reguladores em todo o mundo aterraram a aeronave em março. Segundo dados de frota do FlightGlobal, a companhia é a maior operadora da família MAX, totalizando 234 737 MAX-8 e 28 MAX-7 em encomendas.
A demora pode ser mais longa
Em uma carta de 14 de outubro, a Southwest Airlines Pilots Association (SWAPA) escreveu aos membros do sindicato que não espera que as aeronaves MAX estejam prontas para retornar ao serviço antes de fevereiro.
O Conselho Nacional de Segurança nos Transportes dos EUA (NTSB) e o Painel de Revisão Técnica das Autoridades Conjuntas (JATR) publicaram relatórios separados criticando a FAA e a Boeing por não preparar adequadamente os pilotos para pilotar os jatos de nova geração.
Esses relatórios não estão oficialmente vinculados ao processo da FAA para preparar as aeronaves MAX para retornar ao serviço, mas a SWAPA disse em sua carta que espera que os relatórios “obviamente tenham alguma contribuição indireta”.
A Agência de Segurança da Aviação da União Européia, por exemplo, afirmou que não dependerá da aprovação do FAA para retornar o modelo ao serviço. Conduzirá seu próprio processo de revisão, que incluirá voos de teste realizados por seus próprios pilotos.
Processo judicial contra a Boeing
A SWAPA está processando a Boeing, buscando indenização pelos 10.000 pilotos representados pelo sindicato.
A ação movida em 7 de outubro no Tribunal Distrital do Condado de Dallas, Texas, alega que a Boeing deliberadamente enganou a companhia aérea e seus pilotos que as aeronaves 737 MAX eram aeronavegáveis e não eram significativamente diferentes de seu antecessor, o 737NG.
A Air Canada também já anunciou na última quarta-feira, 16 de outubro, que removerá sua frota de 24 aeronaves MAX do planejamento de voos até 14 de fevereiro. A American Airlines ainda mantém o cancelamento até janeiro.
