Motor de surrado Boeing 767-200 da Air Zimbabwe apaga durante voo de repatriação

Foto de Allen Watkin (CC 2.0)

Se existe um avião polivalente no mundo, certamente é esse Boeing 767-200 da Air Zimbabwe. Como a empresa aérea nacional do Zimbábue passa por uma crise há anos e já tinha uma dívida de US$ 300 milhões mesmo antes da pandemia, todos os seus aviões foram sendo gradativamente removidos da frota para manutenção e nunca mais voltaram a voar, exceto o Boeing 767-200 de matrícula Z-WPF, de quase 30 anos nas costas.

A idade não significa muita coisa para um avião, já que, se mantido adequadamente, ele pode voar por décadas, vide, por exemplo, alguns Boeing 747 com mais de cinquenta anos de uso voando pelo mundo.

No entanto, a história desse 767 é bem típica e vira e mexe ouvimos falar sobre um incidente ou uma situação inusitada sobre ele. O histórico dele é “invejável”, tendo sido apreendido duas vezes, uma em Londres e outra em Joanesburgo, por dívidas da empresa, depois foi armazenado outras três vezes ao longo dos anos porque a companhia não tinha dinheiro para pagar pela manutenção, e tudo isso sem contar os inúmeros incidentes.

Somente na base do The Aviation Herald há 10 ocorrências, mais ou menos graves, registradas.

Motor apaga em voo

O mais novo incidente ocorreu nesta quarta-feira, 1 de julho, na Tailândia, onde o 767 realizaria um voo de repatriação entre Bangkok, Islamabad, no Paquistão, e a África.

O avião havia decolado da capital tailandesa e estava prestes a entrar no espaço aéreo de Mianmar a 34.000 pés quando o painel da aeronave passou a indicar um mal funcionamento do motor número 1.

Em seguida, os pilotos resolveram descer para o nível 210, e solicitar o retorno a Bangkok, onde pousaram 90 minutos após a decolagem, como mostra a imagem abaixo, do aplicativo Flightradar24. O pouso ocorreu normalmente, com um motor funcionando (o que é totalmente seguro). Por sua vez, a companhia aérea confirmou o incidente, mas não detalhou qual foi a indicação que acionou o gatilho para que os pilotos desligassem o motor do modelo PW4056.

Felizmente o avião estava vazio no momento do incidente e contava com apenas 2 passageiros e 17 tripulantes. A ideia era que a aeronave retornasse da Ásia, onde havia ido dias antes para levar asiáticos que estavam presos na África. Na volta, haveria uma parada em Islamabas, onde embarcariam outros 180 passageiros retornando à África do Sul e Zimbábue.

No final, o avião acabou parado em Bangkok, onde está até agora, mais de 24 horas após o incidente. Nem o avião e nem os repatriados conseguiram voltar para casa.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

Veja outras histórias