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Mourão avalia negociar Embraer com empresas da China

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O Vice-Presidente da República, Hamilton Mourão, avalia de maneira positiva uma eventual parceria ou venda da Embraer para a China.

Primeiro ERJ-145 fabricado na China pela Embraer: parceria durou até 2016 © Divulgação

FOLHA DE SÃO PAULO / Daniel Carvalho, Talita Fernandes e Gustavo Uribe

Em uma live para uma empresa de consultoria política, Mourão afirmou que “A China é o país que, no presente momento, é que está expandindo este tipo de aviação”.

“Então, é um momento em que a Embraer poderá se aproximar. Nós já temos penetração no mercado local com aeronaves da Embraer, e isso poderá ser aprofundado”, disse Mourão.

A compra da área de aviação civil da Embraer pela Boeing, maior negócio aeroespacial da história brasileira, foi cancelada.

O noivado iniciado em 2017 acaba como um divórcio litigioso, com a fabricante paulista acusando a gigante americana de deslealdade e prometendo ir à Justiça.

Já o Presidente Jair Bolsonaro afirmou que a empresa pode ser colocada à venda novamente, mas a decisão está a cargo dele com a Golden Share.

Parte da cúpula do governo é contra

Embraer E175 da United Express na linha de montagem © Divulgação

A cúpula fardada e o g​rupo ideológico iniciaram uma ofensiva para convencer Jair Bolsonaro a não iniciar uma negociação com o país asiático.

O movimento mais incisivo tem sido feito pelo chanceler brasileiro, Ernesto Araújo. Ele deve se reunir nesta semana com representantes da Embraer.

Internamente, de acordo com integrantes do governo, o chanceler já trabalha para evitar que as tratativas com o país asiático possam ter sucesso.

A negociação com a China é vista com reserva pelos militares e pelos ideológicos. Araújo faz parte do segundo grupo também composto por Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e pelo ministro Abraham Weintraub (Educação), que são contra a parceria.

Tanto o chanceler, como o filho do presidente e o Ministro da Educação, fizeram acusações à China referentes a criação e disseminação do Coronavírus, acumulando incidentes diplomáticos com o país asiático.

Além disso, dizem que, apesar de ser o maior parceiro comercial do Brasil, a China​ é um país que não costuma respeitar regras de transparência internacionais. Desse forma, o país pode fazer uso político de informações sensíveis.

Para os ideológicos, um acordo com a China também pode fortalecer a relação bilateral com o Brasil. Isso colocaria em risco a boa relação que o país tem hoje com os Estados Unidos da América.

A hipótese de negociações com empresas da segunda maior economia do mundo foi levantada pela equipe econômica em meio às discussões sobre o futuro da Embraer.

A China passou então a ser vista pela equipe do Ministro da Economia, Paulo Guedes, como uma saída. Essa opção, porém, não é unânime no grupo.

A disponibilidade de recursos e o potencial de crescimento do mercado asiático são apontados como facilitadores desse processo.

De acordo com relatos, esse ponto de vista tem o apoio tanto do vice-presidente Hamilton Mourão como da ministra da Agricultura,Tereza Cristina.

Embora não haja uma diretriz concreta por parte do governo sobre os próximos passos, para membros do time de Guedes, mostra-se favorável o fato de a China estar em plena expansão desse mercado, enquanto os mercados dos Estados Unidos e da Europa já estão mais maduros.

O governo chinês tem uma estatal que produz jatos para voos regionais, a Comac (Commercial Aircraft Corp of China). A empresa tenta competir nesse mercado e já fez parcerias com gigantes mundiais.

A COMAC, no entanto, não consegue confiança do mercado externo e teve suas vendas limitadas ao mercado interno, sem sinal de que isto irá mudar a médio ou longo prazo.

No passado a Embraer já foi parceria da China, com uma unidade em Harbin, na província de Heilongjiang no norte do país.

Entre 2003 e 2016 foram fabricados centenas de jatos executivos Legacy 600/650 e os jatos regionais ERJ-145.

A parceria foi terminada sem justificativa oficial, mas internamente a justificativa teria sido a interferência da China para copiar informações de produção da Embraer e poder reproduzi-lás, uma prática bem comum no país, principalmente no setor aeronáutico.

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