Mundo já registra 1 milhão de voos cancelados

Nesta semana, a IATA lançou uma atualização de sua avaliação de impacto da pandemia da Covid-19 sobre as receitas das empresas aéreas e RPKs. A situação se aprofundou além do cenário mais pessimista publicado no início do mês, e mais de um milhão de voos foram cancelados até o momento.

A cada novo dia, os governos foram impondo restrições de fronteira muito mais severas e as companhias aéreas anunciaram cada vez mais cortes, em decisões quase que diárias, em resposta a uma queda drástica na demanda de viagens. A consultoria Cirium estima que mais de 8.500 aeronaves de passageiros já foram paradas até agora, mas esse número ainda deve aumentar bastante.

Por sua vez, o gráfico abaixo, atualizado em 27 de março, mostra a possível perda de receita em todo o setor em um cenário que pressupõe um período de três meses de ‘bloqueio’ do mercado global de viagens aéreas, e apenas uma recuperação gradual da demanda até o final do ano. Outra premissa adotada pela IATA é a da recuperação parcial dos voos domésticos na China.

No gráfico, as colunas azuis representam a receita ano a ano do setor aéreo, enquanto que a linha vermelha mostra o crescimento ou queda da receita comparada ao ano anterior. No total, são US$ 252 bilhões de prejuízo esperado, com uma queda de 45% em relação a 2019.

Além disso, segundo o levantamento, cerca de 1,1 milhão de voos programados até 30 de junho já foram cancelados.

Recuperação lenta

A IATA espera que o processo de recuperação seja mais lento que no período de 6 a 7 meses observado em epidemias passadas. A extensão do tempo de recuperação reflete tanto o tempo desde o início do surto e seu escalonamento para diferentes regiões, quanto a recessão global esperada, que continuará impactando a demanda de passageiros, mesmo após o levantamento das restrições nas fronteiras.

Com um impacto sem precedentes, além da gigantesca perda de receita, os RPKs diminuirão 38% em termos anuais. Isso destaca o desafio de liquidez imediato e crítico que as companhias aéreas enfrentam.

Com a maioria das companhias aéreas com menos de três meses de liquidez, simplesmente sobreviver a esse período prolongado de turbulência não será tarefa simples para a maioria.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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