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Novo documento revela que falha do avião 737 MAX foi omitida ainda em 2016

Novo documento da investigação dos acidentes fatais com os aviões Boeing 737 MAX, revelado hoje segundo informações do site The Air Current, mostra que muito antes dos acidentes, ainda durante os testes de certificação do modelo em 2016, informações sobre o problema foram omitidas pela fabricante norte-americana.

Boeing 737 MAX

Segundo informa o site, mensagens instantâneas trocadas entre os dois pilotos de teste da Boeing, a partir de novembro de 2016, mostram que eles discutiram comportamentos inadequados do Sistema de Aumento de Características de Manobra (MCAS) no final do desenvolvimento do jato, inclusive sobre o fato de terem omitido informações à Agência Reguladora dos Estados Unidos, a FAA.

A nova revelação ocorre quase um ano após o primeiro acidente com o 737 MAX da companhia aérea Lion Air, que foi seguido alguns meses depois pelo acidente da Ethiopian Airlines, totalizando 346 pessoas mortas.

A FAA divulgou em comunicado que recebeu as informações nesta quinta-feira, 17 de outubro, apesar de a Boeing ter ciência há meses sobre os fatos.

O The Air Current afirma que teve acesso às mensagens trocadas entre o piloto chefe do programa de testes, Mark Forkner, e o piloto técnico Patrick Gustavsson, que agora é o piloto chefe após Mark sair da posição devido à crise do MAX.

Segundo o site, a conversa entre Mark e Patrick ocorreu em 16 de novembro de 2016, sendo que a aeronave foi certificada em março de 2017.

Nas mensagens, Mark escreveu: “Oh, alerta chocante! O MCAS agora está ativo baixando até M .2”, em referência à necessidade de utilizar o sistema de controle de voo até uma velocidade significativamente abaixo do anteriormente previsto. E acrescentou: “Ele está funcionando de forma desenfreada sobre mim na simulação”.

Patrick responde: “Oh, ótimo, isso significa que nós temos que atualizar a descrição da velocidade de trimagem no volume 2”, referindo-se à atualização dos procedimentos de funcionamento do sistema.

Menos de um minuto depois, Mark comenta: “então basicamente eu menti para os reguladores (sem saber)”.

Mark tem estado próximo ao epicentro da crise do 737 MAX após ter pedido à FAA, em 30 de março de 2016, para remover a descrição do MCAS dos documentos de certificação da aeronave.

“isso não foi uma mentira”, escreveu Patrick, “ninguém nos disse que era o caso”.

O The Air Current afirma que, na sequência, a dupla conversou mais sobre o comportamento “notório” do sistema projetado para fazer com que as características de voo do 737 MAX próximo à condição de estol se assemelhassem às características da geração anterior 737NG.

Primeira decolagem do 737 MAX-8

Falando sobre o comportamento do MCAS, Mark escreveu: “Estou nivelando por volta de 4000 pés, 230 nós e a aeronave está trimando sozinha como louca. Eu estou aqui pensando ‘MAS O QUÊ?'”

Patrick responde que viu algo similar em um dos simuladores da Boeing “mas na situação de aproximação”. “Eu acho que aquilo estava errado”.

Mark então afirma em tom de brincadeira: “confesso, eu sou péssimo em voar, mas mesmo assim esse comportamento é notório”.

A apresentação das mensagens entre Mark e Patrick somente agora fez com que Steve Dickson, administrador da FAA, questionasse Dennis Muilenburg, executivo-chefe da Boeing, sobre o documento que a empresa “descobriu em seus arquivos meses atrás”.

Dennis anunciou: “Espero sua explicação imediatamente sobre o conteúdo deste documento e o atraso da Boeing em divulgar o documento ao seu regulador de segurança”.

Documento de Steve para Dennis, cobrando explicações

Veja nas matérias a seguir outras informações dessa longa e crítica história da crise do Boeing 737 MAX:

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