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O dia em que um Boeing ficou sem combustível e pousou no meio de uma corrida de carros

Um dos acidentes mais famosos da aviação mundial acabou terminando no meio de uma corrida, e por um “erro simples”.

A cena emblemática do Boeing 767 e os carros de corrida © Wayne Glowacki / Winnipeg Free Press

O acidente com um Boeing 767-200 da Air Canada em 1983 ficou conhecido mundialmente como “Planador de Gimli”, dado o local onde o jato parou após planar por alguns minutos, já sem combustível. Na ocasião, o jato realizava o voo 143 entre Montreal e Edmonton, mas uma interpretação e comunicação erradas dos pilotos levou-os a mandarem abastecer a aeronave com uma quantidade de combustível certa, mas na unidade errada: trocaram libras por kilogramas.

Este foi apenas um dos vários fatores que levaram ao acidente, que também incluem falhas de manutenção, erros de instrumentação e outros. O jato acabou ficando sem indicador de combustível e abastecido com apenas 45% do querosene necessário para a rota, vindo a ficar sem combustível no meio do caminho.

Quando um dos motores desligou, a tripulação optou por desviar o voo para Winnipeg, capital da província da Manitoba, porém, enquanto o desvio era feito, o outro motor parou de funcionar porque também teve pane seca (ficou sem combustível no tanque que o alimentava).

O comandante viu que não conseguiria chegar no Aeroporto de Winnipeg, e lembrou da base da Real Força Aérea Canadense de Gimli, onde já havia pousado quando era militar. Ele então informou ao controle de tráfego aéreo que iria pousar ali, já que seria mais seguro do que tentar um pouso incerto em Winnipeg que estava mais distante. O pouso foi liberado pelo controlador, que assim como a tripulação não sabia que a base desativada tinha virado uma pista de corrida.

O Boeing 767 planou então até Gimli, mas o que já estava difícil piorou: o trem de pouso dianteiro (do nariz) não ficou travado, o que mais tarde acabaria ajudando na frenagem, mas foi um fator a mais na hora do pouso.

O comandante Bob Pearson e o Primeiro-Oficial Maurice Quintal prosseguiram com o pouso planado, aterrissando o avião e freando-o o máximo possível, a ponto dos pneus estourarem. O trem de pouso do nariz acabou colapsando, fazendo com que a fuselagem do avião se arrastasse por alguns metros.

Apesar do impacto, nenhum passageiro ficou ferido, e o fato da fuselagem ter se arrastado, acabou contribuindo para a frenagem do avião, evitando que ele entrasse no circuito da Fórmula Ford que era disputada ali.

Inclusive, os pilotos dos carros pegaram seus extintores portáteis e ajudaram a esfriar os pneus do avião, assim como ajudaram na evacuação da aeronave junto com a equipe de segurança da corrida.

No final, ninguém foi ferido e os pilotos acabaram sendo premiados pela proeza do pouso, que não conseguiu ser repetido em simulador. A Air Canada deu um “gancho” de algumas semanas nos tripulantes pelos erros cometidos, mas no final todos continuaram a voar na empresa.

Já o Boeing 767-200 de matrícula C-GAUN acabou sendo reparado ali mesmo e voou dias depois. A aeronave continuou em serviço na Air Canada por mais 25 anos, sendo aposentada em 2008 e encaminhada para o deserto americano, onde foi desmontada, dando fim à sua vida:

O caso é o mais famoso envolvendo aviões e carros de corrida, mas é comum que provas sejam disputadas em aeroportos, sendo os GPs mais famosos o de Cleveland disputado no Burke Lakefront Airport até 2007, onde inclusive os brasileiros Emerson Fittipaldi, Roberto Moreno e o franco-brasileiro Gil de Ferran foram campeões pela CART/Champ, hoje Fórmula Indy.

Hoje o único aeroporto que faz parte das grandes competições automobilítiscas é o de Albert Whitted, que tem sua pista e taxiways como parte do GP de São Petesburgo na Flórida, onde ocorre anualmente provas da Indy, sendo inclusive o maior campeão neste circuito o brasileiro Hélio Castroneves. No Brasil existe o projeto para que em outubro o Aeroporto do Galeão faça parte da Stockcar, como revelamos com exclusividade:

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