O homem de 21 milhões de milhas: conheça o passageiro mais frequente do mundo

Aos 65 anos, casado e pai de dois filhos, Tom Stuker poderia ser mais um morador comum da arborizada Nutley, em New Jersey; ao invés disso, ele figura no Livro dos Recordes como o passageiro mais frequente do mundo.

Com 21.000.000 de milhas acumuladas (e contando, como ele diz), o Sr. Stuker vê romantismo na aviação e adora estar nos céus. Ele admite que seu instinto competitivo sempre o guiou, levando-o ao patamar em que está atualmente e que tudo começou em 1983, quando ele se inscreveu pela primeira vez no programa de fidelidade da United Airlines. Desde então, juntar milhas é “quase um vício”.

Em Janeiro, ele já havia se tornado o primeiro passageiro da história a voar 20 milhões de milhas, o que levou a United a preparar celebrações especiais, incluindo brinde de champanhe no ar e uma super recepção em Los Angeles. Mas o recorde não durou quase nada, em Julho ele bateu 21 milhões, numa proeza tão rápida que lhe rendeu o recorde de mais rápido acúmulo de um milhão de milhas.

Quantidade impressionante de voos

Para atingir essa marca impressionante, o Sr. Stuker já fez mais de 10.000 voos, que correspondem a 844 voltas em torno da Terra. Em média, ele gasta 200 a 250 dias por ano em um avião — e ama a cada um deles.

Quando totalmente na ativa, ele poderia dizer que era obrigado a viajar por ser o co-fundador de uma rede de concessionárias automotivas bem sucedida, com lojas nos Estados Unidos, Europa, Ásia e Austrália. No entanto, agora que está semi-aposentado, ele diz que viaja ainda mais. “Algumas pessoas da minha idade jogam golfe cinco dias por semana. Eu adoro voar”, diz.

Ele não nega que gosta muito do status quase real que possui e não esconde esse prazer pelo glamour. Sua conta no Instagram, @UA1Flyer, é praticamente dedicada a mostrar suas proezas e aventuras pelo mundo, sempre destacando ser o passageiro número 1 da United.

Regalias que só ele tem

Há anos que ele é membro do Clube de Serviços Global da United. Um seleto e secreto grupo em que apenas viajantes com mais de 4 milhões de milhas podem participar.

Às vezes, acontece de ele ser pego ou deixado na pista por uma Mercedes. Seu cartão de passageiro frequente é de titânio e único, mas raramente tem que mostrá-lo, por que todos o conhecem. Seu status é tão grande que ele nem precisa comprar o assento na Executiva ou Primeira-Classe. Ao comprar o assento da Econômica, a United lhe dá upgrade automático.

O começo foi de Econômica

Nem sempre o sr. Stuker viajou lá na frente. Em seus primeiros voos, quando sua empresa ainda era pequena, ele só podia se dar ao luxo de ir na econômica e confessa que tinha certo “medo de voar”. Sua epifania aérea veio em uma viagem de trabalho a Melbourne, na Austrália, em 1984: “Eu caí de amor pelo país. Já voltei mais de 350 vezes.”

Devido ao seu trabalho (e agora, ao seu prazer em viajar), às vezes, ele atravessa o mundo para ficar apenas um dia e voltar.

Inimigo do ambiente?

Várias pessoas já o acusaram de não estar contribuindo para o controle do aquecimento global e de estar consumindo muito carbono. Ele nega que sua mania de voar esteja aumentando o aquecimento global: “Eu não estou adicionando nada para a pegada de carbono. O avião vai voar se eu estou nele ou não. Eu podia estar num jato particular, o que seria muito pior”, declarou.

Um cálculo baseado em dados dos sites MyClimate e CarbonNeutral sugere que um indivíduo que voou 21 milhões de milhas em primeira classe teria que plantar mais de 250.000 árvores para compensar a sua pegada de CO2.

E a família?

O sr. Stuker não tem problemas com isso, já que sua esposa, a deputada Darlene Stuker, o acompanha na maioria das viagens. Em geral, ela compra as passagens usando as milhas do marido, mas ela própria já somou mais de 4 milhões na United.

Certa vez, ele e sua esposa decidiram, de última hora, passar um fim de semana fora para comemorar seu aniversário de casamento. Como foi de última hora, o voo não tinha um assento extra na primeira classe para que fossem os dois juntos. Acabaram indo de econômica mesmo.

Eles não reclamaram de nada, pois havia esse risco. No entanto, a equipe da United o reconheceu e, constrangida, a empresa o recebeu no portão de embarque com champanhe, chocolates, uma carta de desculpas e mais US$3.500.

Até quanto será que vai essa conta?

Com informações do NZ Herald, The Points Guy e CNBC

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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